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    Senado argentino aprova lei que veta alívio de pena a membros da ditadura

    SYLVIA COLOMBO
    DE BUENOS AIRES

    10/05/2017 16h07

    Enquanto as organizações de direitos humanos preparam uma marcha no final da tarde desta quarta-feira (10) contra a decisão da Corte Suprema de usar um recurso legal revogado para aliviar a pena de um condenado pela repressão durante a ditadura (1976-1983), o Senado aprovou, por unanimidade, o projeto de lei apresentado na terça (9) pelo Executivo e já aprovado pela Câmara dos Deputados.

    Martín Zabala - 4.mai.2017/Xinhua
    (170508) -- BUENOS AIRES, mayo 8, 2017 (XinHua) -- Imagen del 4 de mayo de 2017, de personas sosteniendo pancartas en una protesta durante la tradicional "Ronda de los Jueves" de la asociación "Madres de Plaza de Mayo", en la Plaza de Mayo, en Buenos Aires, Argentina. De acuerdo con información de la prensa local, la protesta, a la que se sumaron residentes y miembros de organismos de defensa de derechos humanos, se llevó a cabo en contra de la decisión de la Corte Suprema argentina, en la cual declaró como aplicable la Ley 24,390, conocida como "Ley 2x1", que computa dos años por cada uno efectivamente preso a partir de los dos años de prisión preventiva, y que había sido derogada en 2001 luego de que estuviera vigente desde 1994, a Luis Muiña, condenado por delitos de lesa humanidad cometidos durante la dictadura cívico militar. (Xinhua/Martín Zabala) (da) (ce)
    Manifestação em Buenos Aires no último dia 4 contra a "lei do 2x1"

    A nova legislação impedirá o uso da "lei do 2 x1" para casos considerados de lesa-humanidade –segundo a lei argentina, delitos graves cometidos pelo Estado.

    Isso impedirá que outros militares, além do repressor Luis Muiña, beneficiado pelo "2x1" na semana passada, sejam libertados. A legislação, que esteve em vigor entre 1994 e 2001 permitia que, para cada ano de prisão preventiva de um acusado, fossem contabilizados dois após a condenação, reduzindo as penas pela metade.

    Na votação da Câmara dos Deputados, na noite de terça (9), apenas um parlamentar votou contra a medida, que teve apoio de governistas, peronistas, de partidos de esquerda e independentes. O placar da votação final foi de 211 conta 1. No Senado, foram 56 votos a zero.

    No começo da tarde, o presidente Mauricio Macri parabenizou o Congresso dizendo que nunca foi a favor do "2x1" nem "a nenhuma lei que permita a impunidade, principalmente em casos de crimes contra a humanidade".

    O novo texto agrega à Constituição um parágrafo no que se refere à possibilidade legal de aplicar as chamadas "penas mais benignas" –adotadas caso os juízes considerem que o condenado mereça ser beneficiado por questão de idade, doença ou por ter permanecido demasiado tempo em preventiva. O parágrafo diz: "não será aplicável a condutas delitivas que se enquadrem na categoria de lesa humanidade, genocídio ou crimes de guerra."

    A oposição ao governo, porém, diz que Macri adotou essa posição agora por oportunismo –haverá eleições para renovar o Congresso em outubro.

    Na tarde de terça (9), deputados kirchneristas disseram que o presidente sempre foi a favor de resoluções a favor de que se reduzissem as penas dos mais de 700 agentes da repressão hoje atrás das grades.

    Além disso, a decisão da Corte Suprema que aplicou o "2x1" para favorecer o repressor Luis Muiña, na semana passada, teve o voto definitivo dos chamados "juízes de Macri", os dois magistrados apontados por ele, por decreto, assim que assumiu em 2015.

    A ex-presidente Cristina Kirchner, provável candidata ao Senado, disse nesta quarta-feira (10) que a Justiça argentina está "totalmente alinhada" com o Executivo. "A decisão da Corte pôs por terra os tratados internacionais e sua própria jurisprudência."

    Advogados de ex-repressores, que apoiaram a eleição de Macri, também demonstraram discordância com relação à nova posição do presidente.

    "Sua postura e a de membros de seu governo nos causam nojo. Quando estavam em campanha, Macri e seus representantes disseram simpatizar com a ideia de oferecer indultos e anistias", diz à Folha Gerardo Hardy, presidente da Associação Justicia e Concordia, que representa ex-militares presos.

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