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    Sem atingir meta, sigla de Macron lança candidatos para legislativas

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    11/05/2017 14h08

    Patrick Kovarik - 07.mai.2017/AFP
    French president-elect Emmanuel Macron delivers a speech at the Pyramid at the Louvre Museum in Paris on May 7, 2017, after the second round of the French presidential election. Emmanuel Macron was elected French president on May 7, 2017 in a resounding victory over far-right Front National (FN - National Front) rival after a deeply divisive campaign, initial estimates showed. / AFP PHOTO / Patrick KOVARIK
    O presidente eleito da França, Emmanuel Macron

    O movimento República Em Frente!, do presidente eleito da França, Emmanuel Macron, 39, enfrentou um primeiro percalço nesta quinta-feira (11) ao apresentar sua lista de candidatos às eleições legislativas de 11 e 18 de junho.

    Em vez dos 577 nomes esperados, o movimento anunciou apenas 428. Os demais serão decididos durante os próximos dias, antes do prazo de inscrição, 19 de maio.

    O atraso está relacionado a sua inexperiência –a República Em Frente! foi criada há apenas um ano e não tem hoje nenhum parlamentar–, mas também à enxurrada de candidaturas motivadas pela recente vitória de Macron.

    Ele derrotou Marine Le Pen, candidata da direita ultranacionalista, com 66% dos votos contra 34%. Das 19 mil pessoas inscritas desde janeiro para representar o movimento, mais de 1.600 enviaram seus nomes apenas durante os últimos dias.

    Entre os interessados nas vagas estava o ex-premiê socialista Manuel Valls (no governo entre 2014 e 2016). Ele não foi escolhido, no entanto, para representar a sigla.

    A cuidadosa escolha dos candidatos para cada circunscrição é fundamental ao futuro da República Em Frente! e do presidente eleito Emmanuel Macron, que toma posse no dia 14. Se não tiver a maioria dos assentos, ele terá dificuldades para governar.

    Tamanha é a importância das legislativas que elas são conhecidas, ali, como o "terceiro turno" das eleições presidenciais. Se governar em minoria, Macron será obrigado a aceitar um premiê vindo de outra força política e perderá, assim boa parte de sua influência.

    Nesse cenário, chamado de "coabitação", o papel do presidente costuma ficar reduzido a poderes como diplomacia e defesa. Isso não acontece desde 2002.

    NOVATOS

    Macron foi eleito com a proposta de renovar a política. Eleitores estão descontentes com o Partido Socialista, no governo, e com os conservadores Republicanos.

    Dentro desse projeto, 52% dos candidatos anunciados à legislativa vêm da sociedade civil e nunca foram antes eleitos a cargos públicos, caso do próprio presidente. Há 24 ex-legisladores socialistas e nenhum conservador.

    A maior parte dos candidatos é desconhecida do grande público. Entre os veteranos está Gaspard Gantzer, um assessor de comunicação do atual presidente, o socialista François Hollande.

    A lista da República Em Frente! também divide os candidatos igualmente entre homens e mulheres: 214 de cada lado. A média de idade é de 46 anos, enquanto a da legislatura atual é 60 anos.

    Esses candidatos foram escolhidos, segundo o movimento, de acordo com critérios como empatia e o conhecimento da plataforma. A inscrição incluía um currículo e uma carta de motivação.

    Surpreendeu que o ex-premiê Valls não estivesse entre eles, apesar de sua demonstração pública de interesse no início desta semana.

    Ele foi desclassificado, segundo a República Em Marcha!, por não preencher os critérios –o socialista, por exemplo, já tinha ocupado três mandatos legislativos.

    Mas o movimento de Macron anunciou que não colocará nenhum candidato para concorrer contra Valls, um gesto de boa vontade que abrirá caminho para a cooperação com o ex-premiê.

    REFORMA

    Macron espera ter a maioria na Assembleia Nacional para implementar as reformas que prometeu em sua campanha, como a reforma das leis trabalhistas, que devem ser duramente opostas pelos movimentos sindicais.

    O presidente eleito espera, assim, lidar com o desemprego de 10% e o crescimento de 1,2% do PIB, abaixo de vizinhos como a Espanha.

    Macron deve também buscar maior integração à União Europeia, bloco econômico do qual sua rival, Le Pen, queria sair. Outro de seus projetos é reforçar a aliança entre França e Alemanha.

    DISTRIBUIÇÃO DOS VOTOSMacron foi derrotado por Le Pen no norte e no sudeste da França
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