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    Governo Trump

    Trump diz agora que decidiu demitir chefe do FBI antes de recomendação

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    11/05/2017 16h42

    Em sua primeira entrevista concedida após a queda do diretor do FBI, James Comey, o presidente Donald Trump mudou a versão apresentada pela Casa Branca e disse que sua decisão de demiti-lo já tinha sido tomada antes mesmo da orientação dada pelo vice-secretário de Justiça, Rod Rosenstein.

    "Eu ia demitir o Comey. Independentemente da recomendação [de Rosenstein], eu ia demitir o Comey", disse Trump ao âncora do "NBC Nightly News", Lester Holt, segundo trecho divulgado na tarde desta quinta-feira (11). A íntegra da entrevista, na qual Trump ainda chamou Comey de "showboat" (uma pessoa que gosta de aparecer), vai ao ar nesta noite.

    3.mai.2017/Xinhua
    O ex-diretor do FBI, James Comey, testemunha no Senado no último dia 3
    O ex-diretor do FBI, James Comey, testemunha no Senado no último dia 3

    Um comunicado da Casa Branca divulgado na terça (9), dia da demissão, no entanto, afirmava que Trump havia seguido a recomendação de Rosenstein e do secretário de Justiça, Jeff Sessions, ao demitir Comey. A informação foi depois confirmada pelo vice-presidente, Mike Pence.

    Na segunda (8), Trump havia se encontrado com Rosenstein, e, segundo o governo, o presidente teria ouvido os argumentos do vice-secretário e pedido a ele que colocasse no papel os motivos de preocupação com relação ao então diretor do FBI.

    Nesta quinta, a vice-porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, disse não haver inconsistência entre as versões. Segundo ela, Trump já vinha pensando em demitir o diretor "há meses".

    "Acho que a quarta-feira [quando Comey foi a uma audiência no Senado e deu uma informação corrigida depois pelo FBI] foi o último empurrão, e [também] a recomendação que ele teve do vice-secretário de Justiça", disse. "Por que estamos discutindo a semântica?", questionou, visivelmente irritada.

    Na entrevista, Trump também admite ter perguntado a Comey se ele estava sob investigação —dentro da apuração sobre a possível intervenção russa nas eleições e as ligações de membros de sua equipe de campanha com Moscou.

    "Eu, na verdade, o questionei. Eu disse: 'se for possível, você me diz se estou sob investigação?' Ele me disse: 'você não está sob investigação'", narrou o presidente, que disse ter jantado uma vez com Comey e falado com o diretor em outras duas ocasiões, por telefone.

    A jornalistas, Sanders disse não haver conflito de interesse no fato de Trump ter questionado o diretor do FBI se era alvo de investigação —algo bastante incomum.

    CONFIANÇA

    A vice-porta-voz também teve que responder sobre as declarações dadas por ela na véspera de que Comey tinha perdido a confiança dos agentes. Nesta quinta, em audiência no Senado, o diretor interino do FBI, Andrew McCabe, disse que seu antecessor tinha "grande apoio dentro do FBI e ainda tem hoje em dia". "Posso dizer com segurança que a vasta maioria dos funcionários do FBI tinha uma uma conexão profunda e positiva com o diretor Comey", afirmou McCabe.

    Segundo Sanders, ela e o diretor interino "concordam em discordar". A vice-porta-voz continuou sustentando que muitos agentes queriam a demissão de Comey. "Ouvi isso de incontáveis membros do FBI que estavam agradecidos", disse.

    Comey conduzia a investigação para apurar se houve ligações entre membros da equipe de Trump e Moscou durante a campanha à Presidência e se o governo russo interferiu na eleição de 2016.

    A Casa Branca afirma que a demissão de Comey foi motivada por seu "erro" de não recomendar, em julho de 2016, o indiciamento da ex-secretária de Estado Hillary Clinton —que disputava a Presidência com Trump— pelo uso indevido de e-mails.

    Entretanto, informações como a divulgada na última quarta, de que Comey teria pedido mais verbas para a apuração sobre a Rússia dias antes de ser demitido, reforçam a suspeita de que a demissão está ligada a essa investigação.

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