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    Expulsões de minoria muçulmana de Mianmar também têm viés econômico

    CLAUDIA JARDIM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BANGLADESH

    12/05/2017 02h00

    Rohingyas e o Estado birmanês nunca tiveram uma convivência pacífica. No entanto, a pressão contra o grupo assentado no Estado de Rakhine se intensificou em 2012, quando uma repressão similar provocou centenas de mortes e obrigou mais de 140 mil a se refugiar em Bangladesh. Naquele mesmo ano, a lei de terras que protegia os camponeses assentados foi suspensa, permitindo a compra por estrangeiros.

    Para a socióloga Saskia Sassen, professora da Universidade Columbia, a religião e a origem étnica são um fator chave na perseguição aos rohingyas. Segundo ela, porém, também há interesses econômicos dos militares, que ainda têm muito poder.

    "A perseguição contra os rohingyas cumpre a função de expulsá-los e é uma maneira de liberar terra e água. Queimar suas casas torna isso irreversível", afirma à Folha Sassen.

    A socióloga argumenta que recentemente o governo de Mianmar destinou 1,2 milhão de hectares de terras em Rakhine para o desenvolvimento agrícola por parte de companhias estrangeiras. Em 2012, o reordenamento de terras foi de apenas 7.000 hectares.

    Aliada do regime militar birmanês, a China, apoiada pela Rússia, freou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a violência em Mianmar.

    Pequim vê na incipiente abertura democrática do país uma oportunidade de ampliar negócios na região. Petróleo, gás, água e grandes investimentos em infra-estrutura estão entre os interesses em jogo.

    As primeiras eleições livres realizadas no país pós-ditadura ocorreram em 2015, na qual saiu vitorioso o partido de Aung San Suu Kyi, a favorita do Ocidente.

    No entanto, de acordo com a legislação, 40% das cadeiras do Parlamento devem ser destinados automaticamente aos militares membros do regime anterior.

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