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    Documentário aborda assédio no WikiLeaks e irrita Pamela Anderson

    FERNANDA EZABELLA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

    12/05/2017 02h00

    Um documentário lançado neste mês nos EUA sobre o site WikiLeaks, conhecido por divulgar documentos secretos de governos e agências de espionagem, traz à tona cenas íntimas de seu fundador, Julian Assange, e acusações contra seus integrantes.

    Em meio à polêmica, Assange (que vive há quase cinco anos na Embaixada do Equador em Londres para evitar ser extraditado e julgado por estupro na Suécia ) ganhou uma improvável defensora: a atriz Pamela Anderson, famosa pela série dos anos 90 "SOS Malibu".

    David LaChapelle
    O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, e a atriz Pamela Anderson posam para foto em Londres
    O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, e a atriz Pamela Anderson posam para foto em Londres

    Num texto em seu blog, Anderson declara seu amor pelo hacker australiano de 45 anos, confirmando que os dois estão numa relação e chamando o documentário de "problemático".

    "Risk" foi dirigido pela americana Laura Poitras, vencedora do Oscar de 2015 por "Citizenfour", sobre Edward Snowden, ex-analista que vazou documentos da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA).

    "Em vez de tentar entender, ela começou a julgar aqueles que tiveram a coragem de se expor [...] Em algum momento, a sra. Poitras irá perceber como sua abordagem foi tendenciosa", escreve Anderson.

    Curiosamente, a atriz de 49 anos foi ela própria vítima de vazamentos anônimos na internet em 1995, quando uma fita de sexo dela com seu então marido foi roubada de sua casa e distribuída on-line.

    Nos últimos meses, Anderson foi vista várias vezes visitando Assange na embaixada equatoriana nos últimos meses, sempre com pacotes de comidas veganas.

    REEDIÇÃO

    "Risk" teve sua estreia no Festival Cannes em 2016 e recebeu críticas por mostrar Assange de maneira heroica.

    Mas Poitras reeditou o filme no final do ano passado e inclui trechos no qual Assange fala sobre as duas mulheres que o acusam de estupro —motivo pelo qual está exilado na embaixada, temeroso de que, se extraditado para a Suécia, possa ser extraditado depois para os EUA, onde é procurado por atividades ligadas ao WikiLeaks.

    O hacker comenta que as duas mulheres são "feministas radicais" e desdenha de uma delas por ser fundadora de "um clube de lésbicas".

    Ele aparece conduzindo reuniões do WikiLeaks e em telefonemas de trabalho, mas também surge cercado por funcionários que cortam seu cabelo enquanto veem vídeos engraçados no YouTube.

    Isolado, Assange tem aulas de boxe numa sala apertada, circula de robe pela embaixada e recebe visitas de celebridades, como a da cantora americana Lady Gaga, que faz perguntas esdrúxulas sobre sua comida predileta.

    Além de Assange, outro integrante do WikiLeaks ganha destaque, Jacob Appelbaum.

    Ele é visto dando palestras sobre segurança on-line para ativistas na Tunísia e no Egito e é relembrando ao final quando é acusado por diversas pessoas de abusos sexuais e verbais, o que o leva a ser afastado de diversos projetos. O filme não se aprofunda na questão, e diretora avisa que teve uma breve relação com Appelbaum.

    Em um cinema em Los Angeles, Poitras respondeu a perguntas do público e disse que não queria fazer das alegações sobre assédio o foco do documentário.

    "Mas queria destacar a cultura sexista que existe nessa comunidade. São pessoas com grandes ideais e conceitos de senso de justiça, mas com estas relações depreciativas [das mulheres]", disse.

    Questionada sobre o poder o WikiLeaks nas eleições dos EUA em 2016, quando vazou e-mails da campanha da democrata Hillary Clinton, Poitras defendeu o site e Assange. "Ele não é movido por partidarismos", afirmou. "Ele divulgaria documentos contra Trump se os tivesse."

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