• Mundo

    Saturday, 18-May-2024 11:23:35 -03

    Jovens resistem à atração de Londres e seguem para o norte para trabalhar

    ANDREW BOUNDS
    DO "FINANCIAL TIMES"

    12/05/2017 07h00

    Durante décadas, os jovens profissionais das cidades no interior da Inglaterra só tinham um destino em mente: Londres. Hoje em dia, o tráfego é nos dois sentidos.

    Rick Lamb mudou-se de Londres para Manchester por motivos pessoais, mas quando começou a procurar trabalho se surpreendeu com a variedade e a qualidade dos empregos.

    Justin Tallis - 14.mar.2015/AFP
    Ponte sobre canal em Birmingham, na região central da Inglaterra; jovens profissionais deixam Londres
    Ponte sobre canal em Birmingham, na região central da Inglaterra; jovens profissionais deixam Londres

    Depois do curso de jornalismo em Londres, ele tinha feito carreira em marketing digital, e com sua mulher, Louise, fez a clássica mudança para um subúrbio próximo, preparando-se para ter uma família. Mudaram-se de Hackney para St. Albans, perto da capital.

    Mas depois que seu primeiro filho nasceu eles quiseram voltar a morar perto dos pais, no noroeste da Inglaterra. "Percebi que podia fazer meu trabalho lá. Na manhã seguinte eu tinha cinco recrutadores me contatando", disse ele.

    Apesar de as grandes cidades da Inglaterra lutarem contra a atração econômica da capital, os progressos no transporte e no espaço de escritórios, o aumento incessante dos preços dos imóveis na capital e, como afirma Lamb, as melhores oportunidades de emprego estão lentamente levando empresas para o interior.

    Em consequência, a migração de trabalhadores de e para cidades como Manchester, Birmingham e Leeds está se nivelando.

    Somente na semana passada, a Burberry anunciou que vai transferir 300 funcionários de Londres para Leeds. Na quarta-feira (10), um distribuidor de material eletrônico suíço, Distrelec, disse que escolheu Manchester para sua sede europeia, criando mais de cem empregos.

    A empresa de apostas SportPesa informou recentemente que criará até cem empregos quando inaugurar seu principal escritório europeu em Liverpool e no último dia 5 o HSBC terminou a primeira etapa de sua nova sede para operações de varejo em Birmingham —mil funcionários se mudarão de Londres para lá.

    Deixar Londres vai gerar "economias significativas", segundo a Burberry, permitindo que as equipes trabalhem melhor juntas. Finanças, TI e outras funções de serviços serão transferidas para o escritório, que deverá abrir em outubro.

    Roger Marsh, presidente do grupo de desenvolvimento regional em Leeds, disse que é "fantástico ver a Burberry... reconhecer a força de nossa oferta de serviços profissionais e nosso legado na indústria têxtil". A marca também disse que mudará empregos industriais e de design para Leeds, mas não deu uma data para isso.

    Marsh também relata "níveis crescentes de interesse de empresas do índice FTSE 100 que veem benefícios como maior produtividade em consequência de mudar-se para cá".

    No caso da Distrelec, está consolidando escritórios em toda a Europa e escolheu o novo edifício na St. Peter's Square, perto da Prefeitura de Manchester, um dos muitos prédios de escritórios que estão crescendo nas cidades regionais. A maioria se equipara aos padrões de Londres, mas com cerca de um terço do preço.

    Em Birmingham e Leeds, novos escritórios estão sendo construídos em um ritmo que não se via há uma década, e foram gastos bilhões em novos centros de lazer e de comércio.

    Mudar os escritórios de Londres pode trazer grandes economias de custos. Mudar as pessoas pode ser mais difícil. Quando a BBC transferiu 2.300 empregos para Salford, apenas 46% do pessoal aceitou, e seguiu-se uma onda de contratações. Hoje ela emprega mais de 3.000 pessoas em Salford e está recrutando desenvolvedores de software contra uma forte concorrência.

    O HSBC diz que preencheu mais da metade dos mil empregos que estará levando para Birmingham a partir de janeiro de 2009; mais de 2.000 funcionários de Londres manifestaram interesse pela transferência, segundo seu executivo-chefe, Antonio Simoes.

    Um desafio é que muitos recém-formados rumam para Londres, apesar de as universidades dizerem que um número maior está ficando em suas cidades devido ao alto custo de vida na capital.

    A Sky Bet, companhia de apostas com sede em Leeds e que emprega mil pessoas, montou sua própria academia de treinamento para superar a lacuna. Ela também abriu um escritório em Sheffield para atrair pessoal qualificado que não quer viajar diariamente 45 km até Leeds.

    Embora ainda haja apenas seis empresas do FTSE 100 sediadas entre Birmingham e a fronteira escocesa, comparadas com dez em 1984, quando o índice foi compilado pela primeira vez, Lamb não tem queixas.

    O norte da Inglaterra tem companhias importantes de marketing, varejo e tecnologia, e Lamb encontrou um emprego como chefe de operações em uma empresa de marketing digital sediada em Warrington, entre Liverpool e Manchester.

    "É animador aqui, e há uma quantidade decente de confiança", disse ele.

    Lamb e sua mulher compraram uma casa maior em Hale —"a St. Albans de Manchester", segundo ele— a 20 minutos de bonde do centro da cidade.

    "Não dei um passo atrás, embora meu principal motivo fosse pessoal", disse ele. "Para um número cada vez maior de empregos digitais, você precisa estar no noroeste."

    Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024