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    Em Manaus, venezuelanos driblam crise e conquistam salões de beleza

    FABIANO MAISONNAVE
    DE MANAUS

    14/05/2017 02h00

    Bruno Kelly/Folhapress
    O barbeiro venezuelano Josué, 30, que está há três anos em Manaus
    O barbeiro venezuelano Josué, 30, que está há três anos em Manaus

    Famosa por arrebatar concursos de miss mundo afora, a Venezuela também está exportando quem as produz. Em Manaus, é cada vez mais comum cortar o cabelo ou fazer um procedimento estético ouvindo o portunhol típico dos recém-chegados.

    "Na Venezuela, levamos isso no sangue, é onde estão as mulheres mais belas", se gaba a extensionista de cílios Wuilerma Rodriguez, 33, há um ano e meio em Manaus.

    Convencida por um casal de amigos a se mudar para o Brasil, em quatro meses conseguiu alugar sua própria casa. Atualmente, trabalha em uma requintada clínica estética em Vieiralves, bairro nobre da cidade, e já trouxe outros quatro amigos que trabalham em estética -todos empregados um dia após chegar.

    Ao comparar os dois países, ela diz que as venezuelanas costumam se maquiar em casa, enquanto as brasileiras procuram mais os salões.

    O fenômeno não é exclusivo das mulheres. Há três anos na capital amazonense, o barbeiro Josué, 30, (ele pediu para não publicar o sobrenome) diz que a sua profissão lhe permitiu conseguir emprego e estabilidade mais rápido do que outros venezuelanos. "Basta demonstrar o que você pode fazer com uma tesoura."

    Localizada na rua do Comércio 2, a barbearia onde Josué trabalha faz parte de uma pequena concentração de cabeleireiros -quatro dos seis empregam venezuelanos.

    "Elas já vêm preparadas, têm uma qualidade de serviço que, pelo menos aqui em Manaus, a gente não tem", diz Alcimeia de Brito, dona do pequeno salão Belíssima, que emprega uma cabeleireira venezuelana. Ela diz que tentou contratar uma manicure do país vizinho, mas que já existe uma disputa entre salões para empregá-las.

    A experiência dos profissionais de beleza contrasta com a dos cerca de 450 índios waraos, que, vindos de áreas rurais ou pesqueiras, estão alojados precariamente ao lado da rodoviária e em casas velhas no centro, levando a prefeitura a decretar estado de emergência social.

    Não só os waraos estão em dificuldade. Criador de página no Facebook de venezuelanos em Manaus que tem quase 3.700 membros, o cozinheiro Alfredo Santistevan, 43, diz que muitos compatriotas com curso superior acabam em trabalhos de pouca qualificação, como ambulantes. Mas, no ramo da beleza, não faltam oportunidades: "Trouxemos um novo look para o estilo amazonense."

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