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    Em Berlim, Macron e Merkel propõem 'reformar' a União Europeia

    DIOGO BERCITO
    EM LONDRES

    15/05/2017 16h00

    Fabrizio Bensch/Reuters
    German Chancellor Angela Merkel and French President Emmanuel Macron shake hands after a news conference at the Chancellery in Berlin, Germany, May 15, 2017. REUTERS/Fabrizio Bensch ORG XMIT: MAT11
    A chanceler alemã, Angela Merkel, recebe o presidente francês, Emmanuel Macron, em Berlim

    Um dia após tomar posse, Emmanuel Macron reuniu-se nesta segunda-feira (15) com a chanceler alemã, Angela Merkel, em sua primeira viagem ao exterior como presidente da França.

    Juntos, os representantes das duas principais economias da União Europeia prometeram em Berlim revigorar o bloco econômico em tempos de crise e de populismo que levou, após um plebiscito no Reino Unido no ano passado, a UE a perder um país-membro pela primeira vez.

    Macron disse na capital alemã que a possibilidade de reformar os tratados europeus "não é mais um tabu".

    "Há áreas em que podemos cooperar no curto prazo", afirmou, citando a política migratória e o comércio bilateral. "Precisamos de mais pragmatismo, menos burocracia e de uma Europa que proteja nossos cidadãos."

    Merkel, por sua vez, disse que "de um ponto de vista alemão, é possível modificar tratados se fizer sentido para fortalecer a zona do euro".

    "O futuro da Alemanha está na Europa. A Alemanha só estará bem no longo prazo se a Europa estiver bem", ela havia dito um dia antes durante eleições regionais no país.

    Merkel concorre em setembro ao quarto mandato.

    MERKRON

    Macron foi recebido em Berlim com honras militares e um público que gritava seu nome. Merkel, segundo a imprensa local, tem afeição pelo novo presidente e por sua campanha –ele derrotou partidos tradicionais franceses.

    As declarações sinalizam que a parceria será intensa. Os jornais já chamam o par de "Merkron" (alianças anteriores foram conhecidas como Merkozy e Merkollande, de Nicolas Sarkozy e François Hollande).

    Macron, do movimento centrista República Em Frente!, derrotou em 7 de maio a representante da direita ultranacionalista francesa Marine Le Pen, que propunha fechar fronteiras e deixar a UE.

    Ele, por sua vez, defende integrar a França ainda mais ao bloco e fortalecer o eixo Paris-Berlim.

    Ele e Merkel esperam, com esses gestos, frear o avanço de partidos populistas como o de Le Pen, que têm se alimentado da insatisfação popular em relação à União Europeia e à globalização.

    Um dos golpes mais potentes ao bloco econômico foi dado em junho do ano passado, quando o Reino Unido decidiu deixar a união, em um processo conhecido como "brexit". O país já iniciou o processo de saída, que deve ser concluído em meados de 2019.

    "Compartilhamos a convicção de que não podemos lidar apenas com a saída britânica, mas também precisamos pensar sobre como podemos aprofundar a União Europeia e, em especial, a zona do euro", disse Merkel.

    Macron, 39, que nunca participara antes de uma eleição, é o presidente francês mais jovem. Merkel, 62, é chanceler alemã desde 2005, quando o conservador Jacques Chirac liderava a França.

    Suas equipes já haviam se cruzado nos últimos anos.

    Ele foi ministro da Economia do governo socialista de Hollande até agosto de 2016, período durante o qual teve algum contato com a burocracia alemã. Já conhece, portanto, a insistência de Merkel para que os demais países europeus, como a Grécia, implementem medidas de austeridade fiscal e cortem gastos.

    Macron também está familiarizado com a ojeriza da chanceler à ideia de emitir títulos de dívida conjuntos dentro da União Europeia, os chamados de "eurobonds".

    Com isso em mente, o presidente fez questão de refutar publicamente a proposta em Berlim.

    "Não sou a favor da coletivização de dívidas do passado. Isso leva a políticas irresponsáveis."

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