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    Governo Trump

    Trump inicia pelo Oriente Médio primeiro giro no exterior

    DANIELA KRESCH
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TEL AVIV

    20/05/2017 02h00

    Após cinco meses de governo e sob uma onda recente de escândalos que ameaçam seu cargo, o presidente da maior potência mundial começa, neste sábado (20), seu primeiro giro internacional.

    Donald Trump escolheu Oriente Médio (Arábia Saudita, Israel e territórios palestinos), Itália e Vaticano para começar essa viagem, sem esconder a tentativa de agradar gregos e troianos —ou muçulmanos, judeus e cristãos.

    Trump também participará das reuniões da Otan (a aliança militar ocidental a qual chamou de "obsoleta" durante a campanha eleitoral) em Bruxelas, no dia 25, e da cúpula do G-7 na Sicília (26 e 27).

    Ali, terá que convencer líderes dos outros seis países mais ricos do mundo de que os EUA querem se engajar na comunidade internacional apesar do slogan "America First" usado nas eleições.

    No Oriente Médio, a intenção é demonstrar fortes vínculos com seus aliados na região que, como ele, se preocupam com a crescente influência do Irã. Acima de tudo, Trump quer se diferenciar do antecessor, Barack Obama, que assinou um acordo com Teerã sobre seu programa nuclear em 2015. Na campanha, Trump prometeu "rasgar" o tratado, do qual fazem parte mais cinco países ocidentais.

    Se quiser remendar sua relação com a região, o americano terá, no entanto, que usar um tato diplomático que não lhe é comum. Sobretudo após o mal-estar criado pelo decreto emitido em janeiro, e depois derrubado pela Justiça, que proibia cidadãos de sete países de maioria muçulmana de entrarem nos Estados Unidos.

    ACENOS

    Em sua primeira passagem pelo Oriente Médio, em 2009, Obama preferiu o Egito. Já a primeira parada de Trump é na Arábia Saudita, berço do islã e onde ficam as cidades mais sagradas para os muçulmanos, Meca e Medina.

    "O que Trump está tentando dizer é que temos que colaborar com o islã moderado. Os sauditas, por mais que não sejam moderados, são aliados dos EUA e de países que lutam contra o Estado Islâmico e a influência do Irã", diz Anat Hochberg-Marom, especialista em terrorismo. "Trump quer colocar na mesa que muçulmanos, judeus cristãos precisamos nos unir de forma racional e prática".

    Riad foi enfeitada com bandeiras dos EUA e imagens de Trump e do rei Salman num sinal de boas-vindas ao presidente americano e à primeira-dama, Melania, e à filha e ao genro de Trump, Ivanka e Jared Kushner, que se tornou uma espécie de embaixador extraoficial para a região.

    Os sauditas querem ouvir de Trump que ele não despreza o islã como um todo, mas apenas o terrorismo islâmico, e assinar acordos econômicos na área de segurança.

    Jerusalém também está enfeitada para receber Trump na segunda (22) e na terça (23). Mas, mesmo que o americano encontre refúgio no governo aliado do partido conservador Likud, não conseguirá se esquivar das críticas a seu zigue-zague de promessas em relação a Israel.

    Lá, ele também pisará em ovos. Até agora, por exemplo, não saiu do papel a promessa de transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém —desafiando a posição da ONU, que determinou, em 1947, que a cidade fosse internacionalizada.

    À revelia, os israelenses encaram Jerusalém como capital, enquanto os palestinos exigem sua parte oriental como capital de seu Estado.

    No dia 14 passado, o secretário de Estado Rex Tillerson disse que Trump avalia a mudança da embaixada "com cuidado" e levará em conta posições dos dois lados.

    Os ultranacionalistas de Israel, que festejaram a eleição do republicano, agora esbravejam diante de sua hesitação, como a afirmação recente de um assessor presidencial de que o Muro das Lamentações não faria parte de Israel e sim da Cisjordânia.

    Sob esse clima, é difícil prever se Trump ressuscitará o processo de paz entre Israel e os palestinos como almeja.

    Antes de Bruxelas, Trump faz uma parada no Vaticano para uma audiência com o papa Francisco, que prometeu "ser sincero" com o americano. "Não podemos ignorar o encontro com o papa. Há nele grande importância simbólica", afirma Anat Hochberg-Marom.

    Editoria de Arte/Folhapress

    > Sábado (20), Riad
    Banquete com a família real da Arábia Saudita e assinatura de acordos com o país
    > Domingo (21), Riad
    Reuniões bilaterais com países da região e jantar com 50 líderes de países majoritariamente islâmicos
    > Segunda (22), Jerusalém
    Reunião com o primeiro ministro israelense, Binyamin Netanyahu
    > Terça (23), Belém
    Reunião com o líder palestino Mahmoud Abbas
    > Quarta (24), Vaticano/Roma
    Encontro com o papa Francisco
    > Quinta (25), Bruxelas
    Reuniões com Emmanuel Macron, líderes da Otan e líderes da União Europeia
    > Sexta (26), Taormina
    Reunião do G7, na Sicília
    > Sábado (27)
    Discurso final e partida da Itália para Washington

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