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    Macri tenta mostrar Argentina mais aberta, mas economia do país patina

    SYLVIA COLOMBO
    DE BUENOS AIRES

    21/05/2017 02h00

    Economistas argentinos ouvidos pela Folha reconhecem que o governo vem fazendo um grande esforço para mostrar uma Argentina mais aberta e uma economia em recuperação.

    "Isso é visível pelo número de viagens e encontros com líderes estrangeiros, pela urgência em integrar o país aos fóruns econômicos mundiais, à OCDE, e as tentativas de aproximar o Mercosul à Aliança do Pacífico, mas retomar o investimento estrangeiro é algo difícil e lento, ainda mais em tempos como estes", diz o consultor e economista Marcelo Elizondo.

    Kimimasa Mayama - 19.mai.2017/Reuters
    O presidente da Argentina, Mauricio Macri, é recebido pelo premiê japonês, Shinzo Abe, em Tóquio
    O presidente da Argentina, Mauricio Macri, é recebido pelo premiê japonês, Shinzo Abe, em Tóquio

    Para ele, o anúncio de US$ 60 bilhões em projetos de investimento "é muito bom, mas é preciso esperar para ver quanto disso se concretiza", afirma.

    "Ainda estamos em quarto lugar [atrás de México, Brasil e Chile] em termos de recebimento de investimentos estrangeiros, e aumentamos nossa diferença com o Chile nos últimos anos."

    Desde que tomou posse, no fim de 2015, Macri já visitou 13 países. Foi o segundo latino-americano a encontrar-se com Donald Trump, um ex-parceiro de negócios.

    Também já recebeu Barack Obama, Justin Trudeau (Canadá) e François Hollande (ex-mandatário francês). No mês que vem, estará com a alemã Angela Merkel.

    Esse esforço, porém, não vem sido amplamente reconhecido internamente. Os números da economia do dia a dia não ajudam. A inflação não baixou do patamar dos 40%, ainda que essa tenha sido a promessa de Macri para o início deste ano. Pior, voltou a aumentar em abril em 2,6%.

    A crise brasileira fez com que o peso desvalorizasse ainda mais diante do dólar. Na sexta-feira (19), a moeda americana era vendida a 16 pesos. Os economistas creem que a meta do governo, de chegar a 17% de inflação no final do ano, está distante.

    Para o ex-diretor do Banco Central e consultor Martín Redrado, o governo vem tomando medidas corretas, porém "faltam ações para estimular o consumo".

    Na última semana, o ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, foi confrontado na TV pelo ator Hugo Arana, 73, num vídeo que acabou viralizando nas redes sociais.

    Dujovne falava da retomada do crescimento e da queda da inflação. Arana o interrompeu para dizer que não era isso o que sentia.

    "Vocês jogam com a teoria do derrame, de que alguns tenham que enriquecer para que aquilo que derrame alimente as crianças nas ruas."

    Ele se referia à teoria econômica segundo a qual os efeitos positivos do crescimento econômico seriam sentidos primeiro pelas classes mais ricas, para depois "se derramarem" aos mais pobres. Dujovne permaneceu quieto.

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