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    Maduro acusa EUA de chantagear atletas e artistas da Venezuela

    DE SÃO PAULO

    21/05/2017 21h16

    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, voltou neste domingo (21) a fazer acusações contra os EUA, desta vez de chantagearem atletas e artistas do país a se declararem a favor dos protestos e contra seu governo.

    Em seu programa de TV, ele disse que a Casa Branca associou-se "com grandes corporações" para uma operação mundial de pressão aos famosos e a comparou à extorsão feita pelo traficante colombiano Pablo Escobar.

    Presidência da Venezuela/Xinhua
    Militante tira 'selfie' com Maduro em visita à sede do Metrô de Caracas, onde o líder fez seu programa
    Militante tira 'selfie' com Maduro em visita à sede do Metrô de Caracas, onde o líder fez seu programa

    "Dizem-lhes: chumbo ou grana, e alguns artistas famosos e esportistas caíram nisso. Pressionam, ameaçam tirá-los da MTV, não financiar mais suas carreiras, de revelar os segredos que têm e, ao mesmo tempo, os pagam."

    Apesar da crítica, ele fez um convite aos artistas e atletas "que se pronunciaram de forma injusta contra o governo bolivariano". "Se um dia vocês quiserem falar sobre a verdade na Venezuela pessoalmente, estou às ordens".

    A declaração foi feita ao lado do cantor Paul Gillman, que diz ter sido tirado do festival colombiano Rock al Parque por ter laços com o chavismo —a organização alegou "questões de ordem pública".

    Desde o início da onda de protestos, há quase dois meses, venezuelanos famosos no exterior têm se pronunciado sobre a crise política. A maioria dos pedidos é pelo fim da violência e o diálogo entre chavistas e opositores.

    Neste domingo, o maestro Gustavo Dudamel, diretor da Orquestra Sinfônica Simón Bolívar, voltou a pedir que os políticos voltem a negociar.

    "Senhores líderes políticos, precisamos de soluções imediatas, deixando de lado qualquer tipo de personalismo e abrindo as portas para o jogo democrático mais saudável e exemplar", disse.

    O regente, que recebeu o apoio de Hugo Chávez (1954-2013) para a orquestra e um programa de ensino musical a crianças pobres, já havia pedido no início deste mês pelo fim da violência nos atos.

    Dias depois, jogadores venezuelanos da Liga Principal de Beisebol dos EUA se pronunciaram pelo fim da crise. Já o jogador de futebol Salomón Rondón, do West Bromwich, deu apoio aos protestos e pediu liberdade.

    No dia 10, Tomás Rincón comemorou a passagem da Juventus à final da Liga dos Campeões da Europa agitando a bandeira venezuelana de cabeça para baixo —sinal usado pela oposição e considerado um desrespeito pelo chavismo.

    QUEIMADO

    No mesmo programa, Maduro comparou seus adversários aos nazistas ao comentar sobre a morte de um homem queimado por um grupo de manifestantes encapuzados em um protesto opositor no sábado (20), quando cerca de 200 mil pessoas se manifestaram em Caracas.

    O homem, não identificado, teve 54% do corpo queimado e foi esfaqueado quatro vezes. Segundo manifestantes e o Ministério Público, ele foi atacado porque estava roubando no protesto.

    Maduro, porém, diz que ele foi queimado por ser chavista. "Queimar uma pessoa porque acham que é chavista é um delito grave", acusou.

    Neste domingo, um manifestante morreu baleado em Valera, elevando a 49 os mortos na atual onda de protesto. Chavistas e opositores voltam às ruas nesta terça (23).

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