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    Após atentado, primeira-ministra porá soldados nas ruas do Reino Unido

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A MANCHESTER

    23/05/2017 22h31

    Um dia depois do atentado que deixou 22 mortos em Manchester, as autoridades britânicas elevaram o nível de alerta para "crítico" nesta terça-feira (23). A medida significa que há uma chance iminente de outro ataque.

    A decisão foi anunciada após o responsável pela explosão ser identificado como Salman Ramadan Abedi, 22, britânico de origem líbia. Ele teria morrido no local.

    Por causa do ataque, a campanha das eleições parlamentares de 8 de junho foi temporariamente suspensa.

    Com o alerta elevado ao mais alto dos cinco níveis da escala, decisão raramente tomada, o governo poderá deslocar o Exército para a proteção de locais públicos. Assim, a força policial será desafogada e poderá se concentrar nas investigações.

    Um homem de 23 anos foi preso, mas a polícia não revelou detalhes sobre ele.

    "Não quero que as pessoas se sintam alarmadas indevidamente", afirmou a primeira-ministra britânica, Theresa May. "Enfrentamos uma séria ameaça terrorista em nosso país por muitos anos. Essa resposta é proporcional e sensata."

    "O espírito do Reino Unido é muito mais forte do que as tramas doentias de terroristas depravados. Por isso, eles nunca vão vencer."

    Também nesta terça a organização terrorista Estado Islâmico reivindicou o ataque contra a Manchester Arena com uma mensagem em seus canais oficiais. Não há prova, porém, de que a milícia tenha tido um papel real na ação —poderia ser oportunismo, pela atenção. A polícia trabalha com a hipótese de que Abedi teria agido sozinho.

    As forças de segurança o conheciam, mas não o consideravam uma ameaça. Essa foi a mesma avaliação feita de Khalid Masood, que atropelou quatro pessoas e esfaqueou um policial em Londres em março último.

    A explosão ocorreu na Manchester Arena por volta das 22h30 (18h30 em Brasília). Além dos 22 mortos, entre os quais crianças e adolescentes, há 59 feridos.

    A cantora pop americana Ariana Grande, popular entre o público infanto-juvenil, havia encerrado sua apresentação e, com as luzes acesas, alguns pais rumavam para a saída com os filhos. Testemunhas relatam um forte estrondo e pânico na plateia. O ginásio tem capacidade para mais de 20 mil pessoas.

    Onde fica - Manchester

    CRIANÇAS MORTAS

    As três primeiras vítimas identificadas foram Saffie Rose Roussos, de oito anos, Georgina Callander, de 18, e John Atkinson, 26.

    Roussos estava com a mãe e a irmã na apresentação, ambas hospitalizadas. Um professor a descreveu à mídia local como "uma garotinha linda em todos os sentidos".

    Callander, estudante, havia escrito na véspera em uma rede social citando Ariana Grande: "Estou tão animada que vou ver você amanhã!". Ela também postou uma foto sua com a cantora.

    A explosão foi causada, segundo análise preliminar, por uma bomba que ao explodir lança pregos e estilhaços.

    Os atentados mais recentes na Europa, como o de Nice ou de Berlim foram atropelamentos —fáceis de organizar, difíceis de impedir.

    Que o autor deste ataque tenha fabricado ou tido acesso a uma bomba complexa deverá ser a primeira questão na investigação. Uma das perguntas será se ele passou por treinamento na Síria ou no Iraque sem ter sido rastreado, ou se seguiu instruções —uma edição da revista da Al Qaeda trouxe há alguns anos um passo a passo para montar esse tipo de explosivo.

    Um terceiro cenário, citado pela rede britânica BBC, é ele ter recebido a bomba de uma terceira pessoa, o que indicaria que há alguém solto capaz de produzir explosivos.

    O atentado a Manchester é o pior no país desde o ataque contra o sistema de transporte público de Londres em 2005, que deixou 52 mortos.

    Seu planejamento é difícil —o autor agiu na entrada de um ginásio policiado— e há crescente monitoramento da venda de componentes para explosivos. "Esse ataque foi muito mais sofisticado do que os anteriores", disse à Folha o analista de segurança Chris Phillips. "É muito difícil que uma pessoa tenha feito a bomba sozinha."

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    TERROR NA EUROPA
    Ataques recentes aos países do continente

    Paris (13.nov. 2015)
    Uma sequência de ataques a bomba e com atiradores em várias partes da cidade deixa 130 mortos. Estado Islâmico reivindica autoria

    Bruxelas (22.mar.2016)
    Três homens-bomba ligados ao EI se explodem no aeroporto e numa estação de metrô; 32 morrem

    Nice (14.jul.2016)
    No Dia da Bastilha, em mais uma ação do EI, um atirador dirigindo um caminhão atropela uma multidão à beira-mar e mata 86

    Berlim (19.dez.2016)
    Em ação semelhante à de Nice, motorista avança com um caminhão contra pedestres em um mercado de Natal; 12 são mortos

    Londres (22.mar.2017)
    Um ano após os ataques de Bruxelas, um homem atropela pedestres na ponte Westminster e esfaqueia um policial na entrada do Parlamento; 5 morrem

    Estocolmo (7.abr.2017)
    Novamente, um caminhão é usado para atropelar pedestres, em uma rua comercial, deixando 4 mortos

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