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    Líderes da UE tentam amenizar tensão após fala de Trump sobre Alemanha

    ANNE-SYLVAINE CHASSANY
    GEORGE PARKER
    DO "FINANCIAL TIMES", EM TAORMINA

    26/05/2017 12h23

    Tony Gentile/Reuters
    From L-R, European Council President Donald Tusk, Canadian Prime Minister Justin Trudeau, German Chancellor Angela Merkel, U.S. President Donald Trump, Italian Prime Minister Paolo Gentiloni, French President Emmanuel Macron, Japanese Prime Minister Shinzo Abe, Britain's Prime Minister Theresa May and European Commission President Jean-Claude Juncker pose for a family photo during the G7 Summit in Taormina, Sicily, Italy, May 26, 2017. REUTERS/Tony Gentile ORG XMIT: MJB133
    Da esq. à dir., Donald Tusk (Conselho Europeu), Trudeau (Canadá), Angela Merkel (Alemanha), Trump (EUA), Gentiloni (Itália), Macron (França), Abe (Japão), Theresa May (Reino Unido) e Juncker (UE)

    Os líderes da União Europeia estão se esforçando para reduzir a crescente tensão entre os Estados Unidos e a Alemanha depois que o presidente Donald Trump afirmou que o superávit comercial alemão estava prejudicando a economia dos Estados Unidos, no momento em que os líderes mundiais se reúnem na Sicília para a "mais desafiadora" reunião do G7, o grupo das principais economias desenvolvidas.

    A controvérsia surgiu depois que Trump aparentemente criticou a Alemanha, a quem ele teria chamado de "má, muito má", por inundar o mercado norte-americano de carros, em uma reunião com Jean-Claude Juncker, presidente da União Europeia, e Donald Tusk, presidente do conselho da União Europeia, em Bruxelas na terça-feira.

    "Olhem os milhões de carros que eles vendem nos Estados Unidos. Terrível. Vamos acabar com isso", teria dito Trump, de acordo com a revista "Der Spiegel", que cita diplomatas da União Europeia como fontes.

    Falando a jornalistas na cidade turística de Taormina, horas antes da abertura da conferência de cúpula de dois dias do G7, Juncker buscou minimizar o desentendimento. "Ele não usou a palavra 'má' para dizer maldade", disse Juncker em alemão. "Eles quis dizer que existe um problema". Mais tarde, Juncker disse ao "Financial Times" que Trump "estava simplesmente usando uma expressão banal em inglês".

    A controvérsia expõe o contraste nas visões de Trump e de suas contrapartes na União Europeia, que se tornou a questão mais visível da conferência de cúpula.

    A falta de clareza quanto à posição de Washington sobre o comércio internacional, bem como sobre a Rússia e o acordo de Paris quanto ao clima, assinado em 2015 com o objetivo de restringir as emissões de gases causadores do efeito estufa, levou a um impasse nas reuniões preparatórias.

    Os representantes dos Estados Unidos não conseguiram esclarecer a posição do presidente, de acordo com diplomatas da União Europeia.

    Jonathan Ernst/Reuters
    U.S. President Donald Trump speaks beside NATO Secretary General Jens Stoltenberg at the start of the NATO summit at their new headquarters in Brussels, Belgium, May 25, 2017.REUTERS/Jonathan Ernst ORG XMIT: SPS35
    Trump em fala ao lado do secretário-geral da OTAN

    A primeira viagem internacional de Trump começou com uma acolhida calorosa dos líderes do Golfo Pérsico, na Arábia Saudita, mas se tornou mais complicada a cada nova parada.

    Trump irritou os líderes europeus na quinta-feira, em Bruxelas, ao atacá-los por não gastarem o suficiente com a defesa e ao não endossar o compromisso da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) para com a defesa mútua, em uma reunião da aliança atlântica.

    "Essa será a mais desafiadora reunião do G7 em anos", disse Tusk a repórteres na sexta-feira. "Não é segredo que alguns dos líderes têm posições muito diferentes sobre o clima, o comércio internacional... O mais importante é que precisamos defender uma ordem internacional baseada em regras". Os termos de um comunicado final ainda não foram decididos, e o comércio internacional e o clima continuam a ser "as questões mais delicadas", disse um representante do governo francês na manhã desta sexta-feira.

    O polonês Tusk insistiu na necessidade de "reconfirmar" o compromisso anterior dos líderes do G7 quanto à plena implementação do acordo de cessar-fogo de Minsk, entre a Polônia e a Ucrânia, que determinará se as sanções internacionais contra a Rússia serão suspensas.

    "Não vimos coisa alguma que nos leve a mudar de posição" (sobre as sanções), disse Tusk.

    Juncker enquanto isso afirmou que o histórico acordo de país, aceito por virtualmente todos os países do planeta para combater o aquecimento global, deve ser implementado na íntegra.

    Gary Cohn, assessor econômico de Trump, discordou, no entanto, sugerindo que o compromisso aceito pelo governo Obama prejudicava demais a economia dos Estados Unidos.

    "Ele quer compreender como podemos trazer de volta a indústria, trazer de volta empregos, e ao mesmo tempo manter o respeito ao meio ambiente, mas sem que restrições absolutamente ilógicas sejam impostas a nós em um momento em que as restrições impostas a outros países não dificultam em nada seu crescimento econômico", disse Cohn a jornalistas norte-americanos.

    Quanto ao comércio internacional, Cohn antecipa uma "discussão muito robusta" com os líderes mundiais. "Se você não tem barreiras ao comércio ou não tem tarifas, não teremos tarifas. Se você tem tarifas, teremos tarifas", disse Cohn.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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