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    Macron recebe Putin e critica Rússia por Síria e gays, mas cita cooperação

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    29/05/2017 13h17 - Atualizado às 15h28

    Stephane de Sakutin/Associated Press
    O presidente da Rússia, Vladimir Putin (esq.), e o presidente francês, Emmanuel Macron
    O presidente da Rússia, Vladimir Putin (esq.), e o presidente francês, Emmanuel Macron

    O presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu nesta segunda-feira (29) o presidente da Rússia, Vladimir Putin, com palavras duras no Palácio de Versalhes.

    Ele insistiu em que o uso de armas químicas na Síria é uma linha vermelha que, cruzada, exige "represálias" e uma "resposta imediata" da França.

    Macron também mencionou as perseguições a gays na Tchetchênia e a situação das ONGs, que acusam Moscou de persegui-las.

    Por outro lado, os dois presidentes insistiram na necessidade de uma aliança na luta contra o terrorismo, em especial contra a milícia radical Estado Islâmico, que reivindicou o atentado da semana passada em Manchester, com 22 mortos.

    O encontro marca uma tímida reaproximação entre os países após uma série de atritos e uma relação conturbada na gestão anterior, do socialista François Hollande.

    A desavença mais recente foi registrada nas eleições francesas de 7 de maio. Putin apoiava a candidata ultranacionalista de direita Marine Le Pen, rival de Macron.

    Macron e Le Pen discordavam em uma série de questões, como o futuro da União Europeia. Macron queria ainda mais integração europeia, enquanto Le Pen defendia retirar a França do bloco.

    Eles também tinham perspectivas distintas quanto à Rússia. Macron propunha endurecer as sanções europeias contra Moscou devido ao conflito civil na Ucrânia. Le Pen visitou o Kremlin.

    O movimento centrista República Em Frente!, fundado por Macron há um ano, chegou a acusar a Rússia e sua imprensa de tentar interferir nas eleições. A campanha dele foi alvo de ataques cibernéticos, incluindo o vazamento de e-mails da equipe.

    Questionados por jornalistas, os presidentes disseram que o tema não foi debatido no encontro em Versalhes.

    "Esse assunto não foi mencionado", disse Putin. "Sou um pragmático. Quando eu disse as coisas uma vez, não tenho o costume de repeti-las", afirmou Macron.

    O líder francês criticou, no entanto, a mídia russa. Citando a RT e a Sputnik, afirmou que não agiram como imprensa, e sim como propagandistas.

    A reunião em Versalhes foi marcada por simbolismos, ao coincidir com uma exposição no palácio sobre a visita do czar russo Pedro, o Grande, 300 anos atrás.

    Macron afirmou que "Pedro é o símbolo daquela Rússia que queria se abrir à Europa" –ele era um entusiasta das relações com o continente. "O que é importante nesta história é que o diálogo entre a França e a Rússia nunca foi interrompido."

    DISPUTAS
    Macron afirmou que os laços com a Rússia são vitais para solucionar uma série de disputas internacionais. Entre elas, o conflito na Síria, em que a Rússia apoia o regime de Bashar al-Assad. A Europa, por outro lado, critica os abusos do regime.

    Moscou também se opõe às posições europeias na Ucrânia, ao apoiar separatista no leste do país e ter anexado a Crimeia em 2014, pelo que foi alvo de sanções econômicas. A Rússia cancelou um importante contrato militar com a França em 2015.

    A última visita de Putin à França foi em novembro de 2015 durante a conferência climática COP 21. Era, no entanto, um encontro multilateral. Haveria um encontro bilateral em outubro de 2016, mais tarde anulado depois que o então presidente Hollande acusou a Rússia de crimes de guerra na Síria.

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