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    Crise na Venezuela é tema de grupo de WhatsApp de chanceleres latinos

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    30/05/2017 02h00

    É pelo aplicativo de celular WhatsApp que chanceleres latino-americanos debatem a crise na Venezuela e possíveis soluções, como a recriação de um "grupo de amigos" do país, à semelhança do instalado sob o governo Hugo Chávez (1999-2013), que dialogue com governo e oposição.

    No grupo, interagem os próprios ministros de, ao menos, oito países: Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Peru, Colômbia e México. "Nós discutimos muito frequentemente, trocamos informações e essa ideia [do grupo de amigos] está circulando nesse grupo", disse o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes, à Folha.

    O debate iniciado no grupo será levado nesta quarta (31) à reunião extraordinária de chanceleres da OEA (Organização dos Estados Americanos), em Washington, para tratar da crise venezuelana. Nunes não disse quantos e que países já apoiam a ideia —apenas afirmou que o Brasil integrará a iniciativa.

    "O Brasil está disposto e tem até uma necessidade [de ajudar], pela fronteira extensa [com a Venezuela], de mais de 2.000 km", disse. "Teremos repercussões das crises política, humanitária e de segurança pública da Venezuela aqui no Brasil, assim como a Colômbia também tem."

    Nunes, contudo, admite que a aplicação da ideia dependerá da aprovação de Caracas —algo improvável se nenhum país bolivariano ou caribenho que seja mais próximo ao governo de Nicolás Maduro se juntar ao grupo.

    Segundo o chanceler, ainda não há adesão do Caribe. "Mas é importante que eles participem, pois é um grupo que, se for constituído, tem que ser gente que tenha trânsito dos dois lados", disse.

    O primeiro "grupo de amigos da Venezuela" foi criado em 2003 sob a liderança do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que tinha trânsito com o presidente Hugo Chávez —o que não se pode dizer da relação entre os governos Temer e Maduro. Participavam Brasil, Chile, Espanha, México, Portugal e EUA.

    Na época, a OEA, sob o comando do colombiano César Gaviria, tinha entrada e já fazia parte dos esforços de diálogo —algo impensável hoje.

    A Venezuela critica o atual secretário-geral do organismo, o uruguaio Luis Almagro, e anunciou sua saída da OEA após o conselho permanente convocar a reunião extraordinária desta quarta.

    REUNIÃO COM EUA

    Nunes aproveitará a ida a Washington para se reunir com o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, na sexta (2). Será o segundo chanceler brasileiro que Tillerson encontrará em quatro meses de governo Trump —ele esteve na Alemanha com José Serra, que deixou o cargo para tratar da saúde.

    Na pauta, estarão Venezuela, temas bilaterais (como comércio, defesa, saúde, ciência e tecnologia) e globais (como terrorismo e Coreia do Norte), disse o ministro.

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