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    Goldman Sachs é alvo de protestos por comprar ações de estatal da Venezuela

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    30/05/2017 23h06

    O Goldman Sachs, maior banco de investimentos do mundo, foi alvo de protestos nesta terça-feira (30) pela compra de US$ 2,8 bilhões (R$ 9,12 bilhões) em ações da petroleira estatal venezuelana PDVSA.

    A companhia foi duramente criticada pela oposição ao presidente Nicolás Maduro por alimentar o caixa estatal com a aquisição. O banco admite a operação, mas diz que os títulos foram comprados de outros investidores.

    Bryan R. Smith/AFP
    Venezuelanos protestam contra decisão do Goldman Sachs de comprar ações da estatal PDVSA
    Venezuelanos protestam contra decisão do Goldman Sachs de comprar ações da estatal PDVSA

    Membros da comunidade venezuelana em Nova York e Miami foram às sedes do banco nas duas cidades. Na maior cidade americana o protesto reuniu cerca de 40 pessoas, como o estudante Eduardo Lugo, 23:

    "Ao dar US$ 900 milhões a uma ditadura, estão financiando sistematicamente um violador dos direitos humanos, estão financiando a imoralidade e a manutenção de Maduro no poder enquanto ele continua a matar."

    As primeiras notícias sobre a transação foram veiculadas no fim de semana pelo jornal "The Wall Street Journal". O Goldman Sachs pagou US$ 865 milhões (R$ 2,82 bilhões) pelos papéis, 31% de seu valor de face.

    A aquisição ocorreu na semana passada. Na sexta (26) as reservas internacionais da Venezuela ganharam US$ 749 milhões, passando para US$ 10,86 bilhões e ajudando o governo a ter mais recursos em moeda forte.

    Para os opositores, o banco tornou-se cúmplice do chavismo. Eles afirmam que o dinheiro será usado na repressão à onda de protestos contra Nicolás Maduro, que já deixou 62 mortos e mais de 1.200 feridos em dois meses.

    Na segunda (29), o Goldman Sachs disse reconhecer que a situação no país caribenho é complexa. "Concordamos que a vida por lá precisa ficar melhor, e investimos em parte por acreditar que isso acontecerá."

    O presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, criticou a nota e voltou a acusar o banco de fomentar o governo. "Por mais que tente, o Goldman Sachs não pode enfeitar o pavão ao dizer que ajudará os venezuelanos."

    A declaração foi feita minutos antes de o Legislativo pedir ao Congresso dos EUA uma investigação sobre a compra, que qualificou como "imoral, opaca e hipócrita", em alusão à retórica de Maduro contra o mercado financeiro.

    A polêmica transação rendeu os primeiros prejuízos financeiros ao banco nesta terça. Suas ações na Bolsa de Nova York tiveram queda de 2%, enquanto o índice Dow Jones fechou em -0,24%.

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