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    Venezuela decide participar de reunião de chanceleres da OEA sobre o país

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    31/05/2017 16h19 - Atualizado às 16h40

    Yuri Gripas/Reuters
    Mulher tira foto de mesa dos chanceleres antes de reunião sobre a Venezuela na sede da OEA, em Washington
    Mulher tira foto de mesa dos chanceleres antes de reunião sobre a Venezuela na OEA, em Washington

    Sem confirmar sua presença até alguns minutos antes do início da reunião de chanceleres da OEA (Organização dos Estados Americanos), a Venezuela decidiu participar do encontro que discutirá a crise no país nesta quarta-feira (31).

    A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, está no prédio da OEA, em Washington, mas como não havia se inscrito, o país, até o momento, está sendo representado pela embaixadora venezuelana interina na OEA, Carmen Velasquez de Visbal.

    A Venezuela anunciou sua saída do órgão há pouco mais de um mês e não vinha participando das reuniões do Conselho Permanente da OEA.

    Apesar do suspense mantido por Venezuela, Equador, Bolívia e Dominica até o início da tarde, todos os 34 países estão presentes no encontro.

    Dois textos deverão ser discutidos pelos chanceleres presentes na reunião extraordinária: um redigido pelo Peru, Canadá, México, EUA e Panamá, que prevê a criação de um "grupo de contato" para ajudar no diálogo entre governo e oposição e tem linguagem mais contundente em relação a Caracas; e outro proposto pelos países do Caribe, de tom mais brando e sem a previsão de criação do grupo.

    O mais provável é que, durante o encontro, os representantes permanentes dos países presentes tentem mesclar os dois documentos, chegando a um texto aceitável pela maioria.

    Para ser aprovado, ele precisaria ter dois terços dos votos dos países presentes à reunião.

    Os países do Caribe, que reúnem quase a metade dos 34 Estados-membros ativos, já se mostraram resistentes à criação do grupo de contato —que também teria que ser aceito por Caracas.

    Nicholas Kamm/AFP
    Manifestantes favoráveis e contrários ao governo Maduro durante protesto em frente à sede da OEA
    Manifestantes favoráveis e contrários ao governo Maduro durante protesto em frente à sede da OEA

    Segundo fontes da OEA, o ideal seria aprovar o texto por consenso —mas isso incluiria fazer concessões que podem enfraquecer demais a declaração final.

    Além da criação do grupo, serão discutidos em que tom entrarão três cobranças já feitas antes pela OEA em relação à Venezuela: o estabelecimento de um calendário eleitoral, a libertação de presos políticos e o respeito à separação de poderes no país.

    PROTESTOS

    Em frente à sede da OEA, os manifestantes não deram uma recepção calorosa a Delcy Rodríguez, com gritos de "assassina" e "assassina de estudantes".

    Vivendo há 17 anos nos Estados Unidos, a empresária venezuelana Mari Sirvent, 47, disse esperar "apoio incondicional" da OEA, "para que a paz e a democracia cheguem à Venezuela".

    "Necessitamos o apoio de todos os organismos internacionais, não só da OEA", afirmou. "Queremos dar o apoio à liberdade, dizer 'não' à ditadura que está se estabelecendo na Venezuela através de uma Constituinte falsa. Maduro está fazendo de tudo para permanecer no governo"

    A comerciante venezuelana Soraya Bohorques, 52, que está em Washington para cuidar da irmã, que está doente, se uniu ao protesto, com cartazes e bandeiras do país.

    "Na Venezuela, estamos vivendo uma luta muito desigual. Somos pessoas desarmadas e eles estão nos matando, matando estudantes", disse Bohorques, que vive em Caracas. Nos últimos dois meses de protestos contra o presidente, ao menos 60 pessoas já morreram.

    Com duas bandeiras venezuelanas em uma mão e uma placa com os dizeres "EUA: respeitem a soberania da Venezuela" na outra, o boliviano Jorge Valdelomar, 45, que mora em Washington, se uniu ao protesto contra a reunião dos chanceleres.

    "Vim expressar o meu apoio ao comandante Maduro, porque todos falam que é uma ditadura e isso é falso. Quando um povo elege um presidente não pode ser chamado de ditadura", disse.

    Nesta quarta, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela decidiu que Maduro tem o poder de convocar uma Assembleia Constituinte sem consulta prévia em referendo.

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