• Mundo

    Thursday, 02-May-2024 16:37:09 -03

    Justiça do Chile condena à prisão 106 ex-agentes da ditadura de Pinochet

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    02/06/2017 13h34 - Atualizado às 20h55

    Santiago Llanquin - 23.ago.1995/Associated Press
    ORG XMIT: XLAT128 FILE - In this Aug. 23, 1995 file photo, former Chilean dictator and military commander Gen. Augusto Pinochet is helped by a bodyguard to put on his coat during a military ceremony in Santiago, Chile, on the occasion of the 22nd anniversary of his taking the post as head of the Chilean armed forces. Months after his appointment in 1973, Pinochet led the coup that ousted President Salvador Allende. Pinochet sympathizers will honor the former strongman on Sunday, June 10, 2012 with the screening of a new documentary about his dictatorship years in a Santiago theater. (AP Photo/Santiago Llanquin, File)
    General Augusto Pinochet, ex-ditador chileno, em foto de 1995

    A Justiça do Chile condenou à prisão mais de cem agentes que faziam parte da Direção de Inteligência Nacional (Dina), a polícia política dos primeiros anos da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), na maior sentença por violações de direitos humanos do período.

    Os 106 agentes foram acusados de sequestro e homicídio de 16 militantes do Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR, na sigla em espanhol), uma das principais organizações políticas contrárias ao regime autoritário e aliadas do presidente deposto Salvador Allende.

    As penas de prisão variam entre 541 dias e 20 anos. Muitos já estão cumprindo pena por outros casos. O Estado foi condenado a pagar 5 bilhões de pesos chilenos (aproximadamente R$ 24,2 milhões) aos familiares dos mortos.

    A decisão foi tomada na quinta-feira (1º) pelo juiz Hernán Crisosto, ministro visitante do colegiado de processos de violações de direitos humanos da Corte de Apelações de Santiago. A defesa dos condenados ainda pode recorrer à Suprema Corte.

    Os agentes se envolveram em uma ação chamada de Operação Colombo, destinada a encobrir o desaparecimento de 119 pessoas. Eles foram presos em 1974 e 1975 e morreram após serem enviados a centros de tortura.

    Na época, as autoridades chilenas criaram uma revista em Buenos Aires e um jornal em Curitiba para fazer reportagens em que mostravam o paradeiro dos militantes desaparecidos da Dina.

    As informações sobre metade dos desaparecidos foram publicadas pela revista "Lea" e a outra metade, no jornal "Novo O Dia". Além disso, havia material descartando a existência de desaparecidos políticos no Chile.

    As reportagens foram repercutidas pelos jornais "El Mercurio", "La Segunda" e "La Tercera", os três maiores diários chilenos à época. Mais tarde, o governo mudaria a versão, dizendo que eles teriam sido mortos em conflitos.

    Segundo a Justiça chilena, foram as únicas edições dos dois meios de comunicação, o que caracterizou a manobra de desinformação.

    A Operação Colombo foi um dos desdobramentos da Operação Condor, em que as ditaduras de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. Financiados pelos EUA, os membros da aliança colaboravam entre si para destruir suas dissidências.

    Durante o governo de Pinochet, cerca de 3.000 pessoas morreram ou desapareceram no Chile, e mais de 28 mil —incluindo a atual presidente Michelle Bachelet— foram torturados. Outras 1.210 continuam desaparecidas 27 anos após o fim do regime.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024