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    Morte de juiz leva a guerra de versões entre governo e oposição na Venezuela

    DE SÃO PAULO

    02/06/2017 20h04

    O assassinato de um juiz que decidiu processos contra a oposição ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, na noite de quarta-feira (31) virou alvo de uma guerra de versões entre o governo e seus adversários.

    Nelson Moncada, 37, foi um dos responsáveis por ratificar a condenação do dirigente opositor Leopoldo López a 13 anos e 9 meses de prisão e controlava outros processos relacionados aos protestos de 2014.

    Juan Barreto/AFP
    Manifestantes contra o presidente Nicolás Maduro agitam bandeira da Venezuela em ato em Caracas
    Manifestantes contra o presidente Nicolás Maduro agitam bandeira da Venezuela em ato em Caracas

    O juiz foi baleado diversas vezes e morto ao ser atacado por homens armados enquanto passava com seu carro por uma avenida de Caracas. Havia uma barricada montada por encapuzados a poucos metros do local.

    As versões para o crime, porém, são desencontradas. O Ministério Público, responsável pela investigação, avalia duas hipóteses: a primeira é de que ele teria sido baleado porque tentou ultrapassar a barreira.

    A segunda é de uma tentativa de roubo não relacionada com quem montou a barricada em que o juiz teria tentado fugir. Após matar Moncada, os criminosos roubaram dinheiro, um telefone celular e alto-falantes do carro.

    Em ambos os casos os investigadores atribuem a autoria a grupos armados que atuam na região. Entretanto, nem a polícia nem o Ministério Público conseguiram provas de que eles teriam agido por motivações políticas.

    Apesar disso, membros e aliados do governo tratam a morte desta forma. O defensor do povo, Tarek William Saab, comparou a morte de Moncada a de outras três pessoas em barricadas, as quais chama de crimes de ódio.

    "Alertamos sobre um novo fenômeno com características criminosos que devemos condenar de maneira unânime. Faleceram três pessoas assassinadas. Não é possível avalizar crimes de ódio, de nenhum lado político", disse.

    O ministro do Interior, Néstor Reverol, foi mais incisivo, ao dizer que Moncada foi morto por "matadores contratados pela direita" e citou como motivos a condenação de López e as ações pelos protestos de três anos atrás.

    O presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Maikel Moreno, atribuiu a morte a terroristas, uma das formas usadas pelo governo para designar os manifestantes violentos da oposição. "Isso não tem justificativa", disse.

    De parte da oposição, o ex-presidenciável Henrique Capriles pediu uma investigação profunda do Ministério Público para que determine o que ocorreu. "Porque o governo é capaz de qualquer coisa, de matar, de queimar, de tudo."

    PROTESTO

    Nesta sexta, o movimento estudantil aliado da oposição fez um protesto até a sede do canal estatal VTV em Caracas contra a cobertura tendenciosa das manifestações feita pela emissora, que favorece os chavistas.

    Um grupo de oito estudantes foi recebido pelo ministro das Comunicações, Ernesto Villegas, mas nada foi resolvido. Também houve protestos contra o presidente desde o início da manhã em La Vega, bairro pobre da capital.

    Perto dali, no reduto chavista de Catia, coletivos (milícias armadas chavistas) protestaram contra a prisão de um de seus membros e a procuradora-geral, Luisa Ortega Díaz, que se tornou crítica a Maduro.

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