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    Atentado não deve impactar eleições, dizem analistas

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

    05/06/2017 02h00

    Ben Stansall e Niklas Halle'n/Fotomontagem/AFP
    A primeira-ministra britânica, a conservadora Theresa May, e o líder trabalhista, Jeremy Corbyn
    A primeira-ministra britânica, a conservadora Theresa May, e o líder trabalhista, Jeremy Corbyn

    O Reino Unido foi alvo de três importantes atentados desde o início do ano, incluindo o ataque deste sábado à noite (3) em Londres.

    Mas, apesar do debate público causado por esses ataques, as eleições de quinta não devem ser determinadas pela segurança ou por sua ausência. Os eleitores decidirão o voto, segundo analistas ouvidos pela Folha, preocupados com outros temas.

    As cédulas serão preenchidas, em especial, pela economia e pelo NHS —o serviço de saúde britânico, sobrecarregado nos últimos anos.

    Uma pesquisa divulgada pela empresa Ipsos em 1º de junho mostrou que a principal preocupação dos britânicos era o sistema de saúde, com 44% dos votos. O terrorismo teve 32% dos votos.

    As discussões também vão se centrar no futuro do Reino Unido, que deve deixar a União Europeia em meados de 2019 no processo conhecido como "brexit".

    Uma reportagem do jornal "Guardian", em parceria com a consultoria política Britain Thinks, investigou a importância da segurança ouvindo eleitores indecisos em seis dos distritos mais disputados, entre eles Birmingham e Cambridge.

    Abordados depois do ataque que deixou 22 mortos em Manchester em 22 de maio, os entrevistados afirmaram que não mudariam seus votos, a despeito do atentado, o maior desde 2005.

    ISOLAMENTO

    Há diversas explicações para a prevalência dos temas econômicos e sociais, apesar da expectativa de que os ataques impactem os eleitores.

    Uma delas é a percepção de que os atentados são eventos isolados, diz Helen Fenwick, professora na Universidade Durham e especialista em terrorismo e direito.

    "Não houve grandes ataques durante uma década", afirma. "Isso facilita que outros temas tomem o debate."

    Outra explicação é o pouco tempo para que eleitores processem os fatos, como no caso do ataque a Paris três dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais, em abril passado.

    Apesar de atentados costumarem favorecer partidos mais conservadores, o centrista francês Emmanuel Macron venceu a rival de direita ultranacionalista, Marine Le Pen, com 66% dos votos.

    Quando pensam na segurança do Reino Unido, os eleitores não enxergam uma diferença enorme entre os dois candidatos, a conservadora Theresa May e o trabalhista Jeremy Corbyn.

    A aposta de May, ainda sem resultados concretos, é se apresentar como a alternativa mais dura —ela propôs rever a legislação de combate ao terrorismo, após dizer que o Reino Unido é tolerante com o extremismo.
    "A distância entre May e Corbyn tem diminuído, mas não acho que seja pelos ataques.", diz Fenwick.

    Uma pesquisa da empresa Ipsos divulgada na sexta-feira aponta que os conservadores vão vencer as eleições com 45% dos votos, contra 40% dos trabalhistas.

    A sondagem foi feita de 30 de maio a 1º de junho, com 1.046 adultos. A margem de erro do levantamento é de 4 pontos percentuais.

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