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    Judeus britânicos abandonam Partido Trabalhista em eleição

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

    07/06/2017 02h00

    Madeleine Michaelson, 70, votou no Partido Trabalhista em todas as eleições de que participou —às vezes até distribuindo panfletos da campanha em seu bairro, no norte de Londres.

    Mas, nas eleições gerais desta quinta (8), a assistente social está reticente. Judia, ela se incomoda com as declarações antissemitas de membros da sigla.

    Toby Melville - 6.jun.2017/Reuters
    Sinal conduzindo a uma sessão eleitoral é colocado em poste em Londres
    Sinal conduzindo a uma sessão eleitoral é colocado em poste em Londres

    Michaelson é uma de uma legião. Pesquisa do jornal "Jewish Chronicle" divulgada há uma semana estimou que só 13% dos judeus britânicos vão votar nos trabalhistas, enquanto 77% deles preferem o Partido Conservador. Foram ouvidas 515 pessoas.

    Jeremy Corbyn, líder dos trabalhistas, perderá assim o que já foi considerada como uma base sólida de seu partido. Há 270 mil judeus no Reino Unido, em uma população de 65 milhões.

    São pequenas diferenças que garantem assentos no Legislativo britânico. Os conservadores venceram em 2015 no distrito de Enfield Southgate, onde Michaelson vive, com uma margem de apenas 4.753 votos, o que faz dele um campo de disputa atraente. A previsão é que a vitória se repita.

    "Nunca pensei que minha religião ou origem pudessem influenciar meu voto de qualquer maneira", afirmou ao receber a Folha em casa. "Mas tive que começar a refletir."

    Diversos membros do Partido Trabalhista fizeram declarações vistas pela comunidade judaica como antissemitas. A mais impactante delas foi de Ken Livingstone, ex-prefeito de Londres. Ele sugeriu que Hitler apoiou o sionismo.

    "Ele colocou as vítimas no mesmo nível dos perpetradores", diz Fraser, 67, marido de Madeleine. "Não sei se o partido ficou mais antissemita ou se agora é mais fácil fazer esses comentários na internet", diz.

    Enquanto decide o voto, porém, Madeleine não enxerga alternativa: ela teme outro governo da atual primeira-ministra conservadora, Theresa May.

    "O efeito da austeridade imposta pelos conservadores foi dramático", afirma Michaelson. "Não vou aguentar outra vez o mesmo governo."

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