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    Ministro alemão diz que crise do Qatar pode levar à 'Trumpificação' da região

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    07/06/2017 11h18 - Atualizado às 11h34

    O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Sigmar Gabriel, expressou nesta quarta-feira (7) preocupação com a crise diplomática entre aliados árabes e o Qatar e advertiu sobre a possibilidade de uma "Trumpificação" nas relações da região.

    Na segunda (5), o Qatar teve seus laços rompidos com países do Oriente Médio após ser acusado de financiar terroristas e de apoiar o Irã.

    "Tal 'Trumpificação' das relações é particularmente perigosa em uma região que já está cheia de crises", disse Gabriel ao jornal alemão Handelsblatt, em uma referência ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

    Em maio, Trump criticou a Alemanha pelo superavit comercial e o nível de gastos militares, um dia após a chanceler alemã, Angela Merkel, ter levantado dúvidas sobre a confiabilidade dos EUA como aliado.

    Já a ruptura das relações da Arábia Saudita, Bahrein e Emirados Árabes Unidos, além de Egito e Iêmen, com o Qatar aconteceu duas semanas após uma visita a Riad do presidente americano, que pediu aos árabes e muçulmanos uma mobilização contra o extremismo. As Maldivas, um arquipélago localizado no oceano Índico, e o governo da Líbia sediado no leste do país –que não é reconhecido internacionalmente– também se uniram no boicote ao Qatar.

    "Estou extremamente preocupado com a escalada dramática da situação e as consequências para toda a região", completou Gabriel, que diz estimular esforços das partes envolvidas ao fim à crise.

    Gabriel advertiu ainda que desentendimentos entre os Estados do Golfo podem enfraquecer a luta da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico (EI). Os EUA mantém no Qatar sua maior base aérea no Oriente Médio, usada nos bombardeios contra o EI na Síria e no Iraque.

    O ministro alemão também criticou vendas de armas americanas a países do Golfo.

    "As últimas vendas gigantes de armas do presidente americano [Donald Trump] para monarquias do Golfo aumentam o risco de uma nova corrida de armamentos", disse. "Essa é uma política errada".

    O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir, por sua vez, que se reuniu com o alemão Sigmar Gabriel, disse que os países do Golfo podem resolver a crise com o Qatar sem ajuda externa.

    Também nesta quarta, os Emirados Árabes Unidos aumentaram a pressão sobre o Qatar, ameaçando qualquer um que expresse simpatia com o vizinho de Golfo Pérsico com até 15 anos de prisão e impedindo a entrada de portadores de passaportes ou vistos de residência do país.

    O ministro de Estado para as Relações Exteriores dos Emirados, Anwar Gargash, ameaçou mais restrições, se necessário, e disse que o Qatar precisa assumir compromissos "rígidos" com mudanças nas políticas de financiamento de militantes. O Qatar nega veementemente que oferece tal apoio.

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    INTERESSES CRUZADOS
    O que está em jogo na crise com o Qatar

    Editoria de Arte/Folhapress

    ARÁBIA SAUDITA
    > Acusa o Qatar de apoiar o terrorismo através de vínculos secretos com o Irã, maior rival dos sauditas, que tentam isolar Teerã
    > Cerca de 90% da população saudita segue o ramo sunita do islã, ao contrário dos iranianos, majoritariamente xiitas

    QATAR
    > São aliados da Arábia Saudita na guerra da Síria, contra Bashar al-Assad, e no Iêmen, contra a milícia houthi (xiita)
    > Na Líbia, porém, estão em lados opostos: Doha apoia o governo reconhecido pela ONU, enquanto Riad defende o general Heftar, não reconhecido internacionalmente

    EUA
    > Aliado do Qatar, mantém no país sua maior base aérea no Oriente Médio, usada nos bombardeios contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque
    > Nesta terça (6), Trump insinuou que a ação diplomática foi resultado de sua visita à Arábia Saudita em maio, quando pediu a líderes que cortem o apoio a terroristas

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