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    Ministro da Justiça argentino diz esperar acordo com Odebrecht

    SYLVIA COLOMBO
    DE BUENOS AIRES

    15/06/2017 12h19 - Atualizado às 16h01

    O ministro da Justiça argentino, Germán Garavano, disse nesta quinta-feira (15) que o governo ainda tem esperança de chegar a um acordo com a Odebrecht para que esta possa seguir atuando no país, desde que a empresa tenha "boa vontade" em oferecer informações sobre subornos pagos a políticos argentinos e que "se ajuste à nossa legislação".

    Segundo o Departamento de Justiça norte-americano, a empresa brasileira teria pago US$ 35 milhões em propinas e caixa dois no país vizinho.

    Há, porém, dois entraves que vêm impedindo a chegada a esse acordo. "Um deles é a legislação argentina atual, que não prevê a concessão de benefícios ou de imunidade para responsáveis por crimes de corrupção", disse o ministro.

    No momento, há um projeto de lei sobre responsabilidade empresarial que está sendo debatido na Câmara dos Deputados e que contém uma cláusula que permitiria o uso do recurso de delação premiada, em troca de penas reduzidas ou outros benefícios.

    Na opinião do ministro, porém, a oposição kirchnerista vem colocando impedimentos para seu avanço no Parlamento.

    Eitan Abramovich - 24.mai.2017/AFP
    Jornalistas diante do prédio que abriga a sede da empreiteira Odebrecht na Argentina, em Buenos Aires
    Jornalistas diante do prédio que abriga a sede da empreiteira Odebrecht na Argentina, em Buenos Aires

    O segundo entrave, de acordo com o governo, é a atuação da Procuradoria, que é a entidade responsável por receber as informações das delações no Brasil e que é conduzida por Alejandra Gils Carbó, ligada ao kirchnerismo.

    Atualmente, há uma queda de braço entre o Executivo e a Procuradoria argentina. O primeiro acusa Gils Carbó de encobrir os crimes da Odebrecht que envolvam funcionários da gestão kirchnerista (2003-2015) e de expor apenas aqueles que mencionam os membros do atual governo, como o chefe de inteligência e amigo pessoal de Macri, Gustavo Arribas, mencionado na delação do doleiro Leonardo Meirelles como tendo sido receptor de mais de US$ 800 mil. Arribas nega.

    "A Procuradoria poderia estar sendo muito mais proativa. Estão adotando uma atitude no mínimo passiva por conta da proximidade com o governo anterior. É decepcionante, porque não está tomando a atitude que a sociedade esperava", disse Garavano.

    No começo da semana, uma investigação do jornal "Clarín" afirmou que as propinas, na verdade, ultrapassariam US$ 100 milhões e que envolveriam mais de 40 políticos locais. "Não podemos nem ratificar nem negar essa informação", declarou Garavano.

    Ainda nesta quinta-feira (15), está prevista uma visita do procurador-geral brasileiro, Rodrigo Janot, a Buenos Aires. Ele deve encontrar-se com Gils Carbó no final do dia ou amanhã pela manhã.

    PEDIDO DE DESCULPAS

    Nesta quarta (14), a empreiteira brasileira pediu desculpas ao Equador em um comunicado e disse ter firmado um acordo de cooperação com a Procuradoria-Geral, segundo o jornal "El Universo".

    "A empresa pede desculpas à sociedade equatoriana por este grave erro, de que se arrepende profundamente, e aprecia a oportunidade de continuar a trabalhar com as autoridades da Justiça na luta contra a corrupção", afirma a nota da Odebrecht.

    A construtora é acusada de pagar US$ 33,5 milhões em propinas no país. Na semana passada, a maioria governista na Assembleia equatoriana pediu a expulsão da empreiteira brasileira.

    Com agências de notícias

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