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    Número de deslocados por conflitos chega a 65,6 milhões

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    DE SÃO PAULO

    19/06/2017 02h00

    O número de pessoas forçadas a deixar seus locais de origem por causa de conflitos, perseguições, violência ou violações de direitos humanos chegou a 65,6 milhões no final de 2016, o maior da história, segundo relatório divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) nesta segunda-feira (19). Trata-se de uma população maior do que a do Reino Unido obrigada a viver em campos de refugiados e outros locais precários.

    O número inclui 22,5 milhões de refugiados, 40,3 milhões de deslocados internos (movimentaram-se dentro de seus próprios países), além de 2,8 milhões de pessoas cuja solicitação de refúgio está em análise.

    Embora ainda seja alto, o crescimento no número de refugiados desacelerou. Em 2016, a população de refugiados aumentou em 1,1 milhão, alta de 7%, enquanto em 2015 o crescimento foi de 12% e em 2014, de 23%.

    Segundo o porta-voz do Acnur no Brasil, Luiz Fernando Godinho, mais refugiados retornaram voluntariamente para seus países (552 mil) e 189 mil foram reassentados em outras nações, por isso o ritmo caiu.

    ªMas apesar do crescimento menor, foram 10,3 milhões de novos deslocados só em 2016, é um número muito altoº, diz Godinho. No ano passado, 20 pessoas por minuto foram obrigadas a abandonar suas casas.
    No Brasil, o crescimento continua acelerando –o número de refugiados chegou a 9.689 segundo o Acnur, uma alta de 9,3% em relação ao ano passado. Em 2016, havia crescido 5,5%. Desde 2010, o número de refugiados no Brasil teve aumento de 148%.

    A guerra civil na Síria, que desde 2011 matou quase 500 mil pessoas, produziu o maior número de refugiados, 5,5 milhões, além de 6,3 milhões de deslocados internos. Mais de metade da população síria foi obrigada a se deslocar.

    Os afegãos são a segunda maior população de refugiados (4,7 milhões), seguidos pelos iraquianos (4,2 milhões) e sul-sudaneses (1,87 milhão), afetados por grave crise humanitária.

    Os países em desenvolvimento recebem 84% de todos os refugiados do mundo.

    Em primeiro lugar está a Turquia, com 2,9 milhões de refugiados, mais de 98% vindos da Síria. O Paquistão tem a segunda maior população de refugiados ± 1,4 milhão, quase todos do Afeganistão. Depois vem o Líbano, que acolhe 1 milhão de refugiados, para uma população originalmente de 4,3 milhões. A seguir vêm Irã (979,4 mil), Uganda (940,8 mil, maioria do Sudão do Sul), Etiópia (791,6 mil), Jordânia (685,2 mil) e Alemanha (669,5 mil)

    O crescimento no número de deslocados no mundo passou de 33,9 milhões em 1997 para 65,6 milhões em 2016. O maior salto se deu entre 2021 e 2015, por causa da guerra da Síria. Mas outros conflitos no Oriente Médio, como o do Iraque e o do Iêmen, e na África subsaariana, no Burundi, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Sudão também resultaram em milhões de deslocados.

    "Sob qualquer ângulo, esse é um número inaceitável e evidencia mais do que nunca a necessidade por solidariedade e de um objetivo comum em prevenir e resolver as crises, e garantir de forma conjunta que os refugiados, deslocados internos e solicitantes de refúgio de todo o mundo recebam proteção e assistência adequadas enquanto as soluções estejam sendo estabelecidas", afirmou em comunicado o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi. "Precisamos fazer mais por essas pessoas. Em um mundo que está em conflito, é necessário determinação e coragem, e não medo."

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