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    Vizinha a local de atropelamento em Londres, brasileira relata tensão

    GUSTAVO SIMON
    DE SÃO PAULO

    19/06/2017 00h23 - Atualizado às 01h27

    Gritos e um barulho acima do normal para uma movimentada avenida do norte de Londres despertaram a atenção da brasileira Cynthia Vanzella, 33, poucos minutos depois da meia-noite desta segunda (19), no horário local (noite de domingo no Brasil).

    A jornalista e fotógrafa mora em um prédio na Seven Sisters road, na região do Finsbury Park, a poucos metros de onde um veículo avançou sobre pedestres, deixando um morto e ao menos dez feridos. O motorista da van foi preso, segundo a polícia metropolitana de Londres.

    Cynthia disse ter ouvido gritos –"algo diferente do ruído tradicional na rua, que é a principal do bairro e muito movimentada"– e viu, pela janela, um grupo, "de cerca de 200 pessoas, muito agitadas", chamando a atenção de um carro de polícia.

    "Quando os policiais chegaram, um homem começou a ser empurrado pela multidão", disse à Folha. Segundo ela, o sujeito não foi agredido nem reagiu aos empurrões e foi depois levado pelos agentes.

    A versão foi confirmada mais tarde pelas autoridades, que disseram que testemunhas detiveram o motorista da van.

    Entre as pessoas na multidão, muitas estavam com trajes típicos de muçulmanos. Segundo a brasileira, é comum que pequenos grupos se formem nas ruas do bairro para conversar, inclusive à noite, depois de deixar a mesquita local.

    Cynthia Vanzella
    Corpo cercado por policiais depois de atropelamento no norte de Londres
    Corpo cercado por policiais depois de atropelamento no norte de Londres

    Líderes religiosos disseram à imprensa que fiéis foram atingidos pela van quando deixavam a mesquita. No período do Ramadã, muçulmanos praticantes chegam à mesquita depois do Iftar, nome dado à refeição feita ao anoitecer, que marca o final do jejum. Uma oração é feita em torno de meia-noite –policias receberam o chamado da ocorrência à 0h20 (20h20, no horário de Brasília).

    Assim que a multidão foi dispersada, após a chegada de mais carros da polícia e de ambulâncias, Cynthia disse que pôde ver, entre agentes amparando pessoas com dificuldade de caminhar e feridos sentados na calçada, duas pessoas no chão sendo atendidas por paramédicos. "Era uma situação claramente tensa", diz.

    Mais tarde, ela ainda viu um corpo, coberto e cercado por policias, na esquina da Seven Sisters road com a Whadcoat street.

    Cynthia vive em Londres há seis anos e há três mora na região de Finsbury Park. "É um bairro comum, de classe média, tranquilo e essencialmente multicultural", diz.

    Além da mesquita, há na vizinhança uma igreja católica e uma sede da Igreja Universal do Reino de Deus –esta, bem próxima ao local do atropelamento.

    Às 4h46 (0h46 no Brasil), a polícia londrina informou que o Comando de Contra-Terrorismo vai investigar o caso. A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que "a polícia confirmou que o caso está sendo tratado como um potencial ataque terrorista" e convocou uma reunião de emergência para a manhã de segunda.

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