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    Incêndio em Portugal teve 'mão criminosa', diz chefe dos bombeiros

    GIULIANA MIRANDA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LISBOA

    21/06/2017 14h35 - Atualizado às 16h03

    O chefe da Liga de Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, afirmou nesta quarta-feira (21) ter visto uma "mão criminosa" como causa do incêndio florestal que deixou 64 mortos e 204 feridos no centro de Portugal.

    Soares contestou publicamente a informação oficial do governo de que o fogo teve início por causa de uma trovoada seca –fenômeno atmosférico que ocorre em caso de altas temperaturas e baixa umidade–, quando um raio teria atingido uma árvore.

    A declaração foi feita em uma entrevista a uma rádio e, horas depois, repetida pelo bombeiro na televisão.

    Ele disse ver com estranheza a rapidez com que a Polícia Judiciária (PJ), responsável pela investigação, determinou que o incêndio teve causas naturais. O diagnóstico das causas do fogo foi anunciado pela PJ cerca de oito horas depois do começo do fogo, no sábado (17).

    "Gostaria de ver isso apurado melhor porque, quando se viu a trovoada, o incêndio já estava com mais de duas horas de ignição", afirmou.

    A Polícia Judiciária disse que vai convocar o líder dos bombeiros para apresentar sua versão.

    RESCALDO

    Segundo as autoridades portuguesas, o incêndio na região de Pedrógão Grande já está em situação de rescaldo.

    "O fogo não vai progredir mais do que já progrediu. Vamos nos concentrar no interior do perímetro", disse o chefe da Proteção Civil de Portugal, Vítor Vaz Pinto.

    "Vamos ter situações dentro bastante complicadas, mas temos a certeza de que o incêndio não vai progredir mais do que isso", completou Vaz Pinto. Ele afirmou que, mesmo assim, irá manter na região todos os meios necessários para controlar o incêndio.

    Os mais de 2.000 bombeiros que atuavam na região tiveram uma ajuda da natureza desde a noite de terça (20). As temperaturas diminuíram, os ventos ficaram menos intensos e, em alguns momentos, houve chuva intensa na região.

    Agora, o país começa a cobrar das autoridades respostas para a tragédia.

    FOGO CONTINUA

    Embora controlado na região de Pedrógão Grande, os incêndios continuam em vários outros pontos de Portugal.

    A situação mais preocupante é em Góis –concelho vizinho à região onde houve a tragédia–, que ainda tem duas frentes de incêndio ativa: em Pampilhosa e Arganil.

    Nesta tarde, todas as 16 aeronaves de combate as chamas estão concentradas em conter o fogo nesta região, onde 27 aldeias foram evacuadas preventivamente.

    FUNERAL

    Às 18h desta quarta (14h de Brasília), acontece a cerimônia religiosa e o enterro do bombeiro Gonçalo Correia, 40, que morreu combatendo o incêndio

    O funeral, que acontece em Castanheira de Pera, recebeu uma caravana de políticos e autoridades.

    Além do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa, vários ministros, secretários de Estado e os líderes dos principais partidos políticos portugueses marcam presença na cerimônia.

    Editoria de Arte/Folhapress
    No sábado (17), o fogo começa a se espalhar em Pedrógão Grande, após trovoadas secas, fenômeno em que tempestade produz descargas elétricas mas a chuva evapora antes de atingir o solo. Ventos fortes e monocultura de eucaliptos ajudam a propagar as chamas
    No sábado (17), o fogo começa a se espalhar em Pedrógão Grande, após trovoadas secas, fenômeno em que tempestade produz descargas elétricas mas a chuva evapora antes de atingir o solo. Ventos fortes e monocultura de eucaliptos ajudam a propagar as chamas
    Editoria de Arte/Folhapress
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    Editoria de Arte/Folhapress
    País entra em luto nacional; sobreviventes relatam "verdadeiro inferno" ao escapar de árvores em chamas e temperaturas de 43ºC
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    Editoria de Arte/Folhapress
    Mais de 1.200 bombeiros, 400 veículos e 17 aviões trabalham para conter as chamas, mas o incêndio se espalha e atinge 30 mil hectares
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    Editoria de Arte/Folhapress
    Sobrevivente viram voluntários e reúnem água e alimento para os deslocados de 40 vilarejos da região
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