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    Em 48 h, Macron perde 4 ministros por suspeitas de desvio de recursos

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    21/06/2017 15h26 - Atualizado às 22h45

    Com quatro desfalques em sua equipe decorrentes de suspeitas de desvio de recursos por aliados, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou nesta quarta (21) a formação do novo governo.

    É praxe que o presidente reformule o gabinete após as eleições legislativas, realizadas neste mês na sequência das presidenciais de maio.

    O anúncio, porém, foi ofuscado pela queda de quatro ministros nas 48 horas que o precederam em meio a suspeitas não comprovadas de malversação de recursos.

    Três dos ministros pertencem ao MoDem (Movimento Democrático), formação de centro que apoiou Macron e é suspeito de ter mantido funcionários em seus gabinetes na França pagos com fundos do Parlamento Europeu.

    O partido nega o desvio.

    Entre as baixas está François Bayrou, líder do partido, que deixou a pasta da Justiça nesta quarta. A ministra da Defesa, Sylvie Goulard, havia se demitido na terça (20).

    Ao falar das demissões, o porta-voz do governo, Christophe Castaner, afirmou que elas "simplificam as coisas".

    O MoDem e o República em Marcha, partido de Macron, concorreram coligados nas eleições deste mês e conquistaram 350 dos 577 assentos na Assembleia Nacional francesa –308 pertencem ao REM, o que garante ao presidente maioria para governar.

    Ainda assim, ele nomeou mais dois integrantes do MoDem para o novo governo.

    EQUILÍBRIO

    Apesar das renúncias, há poucas mudanças em relação ao governo constituído há um mês pelo centrista.

    O conservador Édouard Philippe se mantém como premiê. O socialista Gérard Collomb continua com a pasta de Interior e seu correligionário Jean-Yves Le Drian mantém o Ministério de Europa e Assuntos Externos.
    Macron distribuiu cargos à direita e à esquerda na tentativa de cumprir a promessa de borrar linhas partidárias. Integraram o governo também membros da sociedade civil sem histórico político.

    Denúncias de desvios são um tema sensível na política francesa recente. Suspeitas de irregularidades desmontaram a campanha do antes favorito François Fillon, do partido conservador Republicanos, à Presidência.
    Os Republicanos serão a principal oposição a Macron na Assembleia Nacional, onde têm agora 137 assentos.

    Mas o partido rachou nesta semana com o anúncio da formação de um grupo parlamentar paralelo com até 40 deputados conservadores que se dispõem a apoiar parte das reformas liberais propostas por Macron.
    Desafios

    Em entrevista a oito jornais europeus publicada nesta quarta, Macron colocou como maior desafio –dele e de seus homólogos– conter a crise política que atinge as democracias ocidentais.

    Para tanto, prometeu fortalecer a aliança de Paris com Berlim para liderar a Europa; negociar o "brexit" com Londres de forma pragmática e estender a mão a Donald Trump, presidente dos EUA, sobretudo se ele recuar da decisão de desvincular-se do Acordo de Paris sobre clima.

    Macron diz avaliar que o tópico esteja integrado a outras urgências globais como o combate ao terrorismo.

    O centrista afirmou ainda que intervirá na Síria se Damasco "cruzar a linha vermelha" e usar armas químicas.

    2º turno eleições legislativas francesas
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