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    Líder da UE cita 'Imagine' e diz ter esperança de que Reino Unido fique

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    22/06/2017 08h10 - Atualizado às 15h09

    JOHN THYS/AFP
    O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, durante entrevista coletiva
    O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, durante entrevista

    O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, citou uma canção de John Lennon nesta quinta-feira (22), em uma cúpula em Bruxelas, ao afirmar que tem esperanças de que o Reino Unido não deixe a União Europeia.

    Ele disse ter sido questionado sobre a possibilidade de reverter o "brexit", o nome dado à saída britânica.

    "A União Europeia foi construída por sonhos que pareciam impossíveis de serem realizados. Vocês podem dizer que eu sou um sonhador, mas não sou o único", Tusk disse, com o conhecido trecho de "Imagine" ("you may say I am a dreamer, but I'm not the only one").

    Essa declaração, recebida por risos, antecedeu em algumas horas seu encontro com a primeira-ministra britânica, Theresa May, em que eles discutiram o "brexit".

    Tusk preside nesta quinta e sexta uma cúpula da União Europeia em Bruxelas, em que os líderes desse bloco discutem temas como a saída britânica e a defesa.

    As reuniões ocorrem em meio a uma reforçada segurança, dias depois de as autoridades belgas terem frustrado uma tentativa de atentado na cidade. Um homem foi morto ao detonar uma bomba, sem deixar vítimas.

    As negociações para o "brexit" começaram oficialmente nesta semana. A saída britânica foi aprovada em um plebiscito um ano atrás, em 23 de junho de 2016.

    A primeira-ministra May chega à cúpula, no entanto, enfraquecida. Ela antecipou as eleições gerais para o início deste mês, com o plano de ampliar sua maioria parlamentar, mas acabou perdendo assentos. O Partido Conservador tem 318 cadeiras numa Casa de 650. May tinha 330 antes do pleito.

    Não há consenso sobre a possibilidade ou não de reverter o "brexit". A União Europeia já deu sinais de que estaria disposta a discutir esse cenário, mas o governo britânico não demonstra interesse. O acordo final, depois de dois anos de negociações, precisa ser aprovado pelo Parlamento britânico.

    May defende o que é conhecido como um "brexit duro", em que o Reino Unido deixaria também o mercado único europeu. Mas, depois de seu revés eleitoral, a posição tem sido contestada.

    O prefeito de Londres, Sadiq Khan, pediu na quinta-feira que May mantenha o país no mercado único, que congrega 500 milhões de consumidores. Ele afirmou que "o governo precisa agora ouvir a vontade do povo".

    A primeira-ministra defendeu, no primeiro dia de cúpula, a garantia dos direitos dos cidadãos europeus que residem no Reino Unido, uma das reivindicações dos negociadores europeus. Essa população é hoje estimada em 3 milhões de pessoas.

    Justin Tallis - 9.jun.2017/AFP
    Britain's Prime Minister and leader of the Conservative Party Theresa May delivers a statement outside 10 Downing Street in central London on June 9, 2017 as results from a snap general election show the Conservatives have lost their majority. British Prime Minister Theresa May faced pressure to resign on June 9 after losing her parliamentary majority, plunging the country into uncertainty as Brexit talks loom. / AFP PHOTO / Justin TALLIS
    A primeira-ministra britânica, Theresa May, durante entrevista em Londres

    POPULISMO

    O início do encontro em Bruxelas foi de fato marcado por algum tipo de esperança, como sugerido pela canção.

    Em uma nota enviada a líderes europeus antes da cúpula, Tusk celebrou as vitórias do bloco diante de repetidas ameaças do populismo.

    A comemoração tem como contexto o feito de Emmanuel Macron, que barrou a ultranacionalista de direita Marine Le Pen nas eleições presidenciais de 7 de maio.

    "Vamos nos reunir em um contexto político diferente daquele de alguns meses atrás, quando as forças anti-europeias estavam em alta."

    Tusk afirmou que a União Europeia voltou a ser vista como uma solução, em vez de um problema. As insatisfações em relação ao bloco, visto como benéfico apenas a parte da população, alimentam movimentos como a Frente Nacional de Le Pen.

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