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    Governo Trump

    Análise

    Economia aquecida ampara Trump após crises políticas

    MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
    DE NOVA YORK

    23/06/2017 02h00

    Depois de uma saraivada de más notícias envolvendo as investigações do FBI acerca das relações de seus assessores com a Rússia e sobre uma possível tentativa de obstrução do inquérito, o presidente Donald Trump saiu das cordas para tentar retomar a iniciativa política.

    Embalado pela vitória da candidata republicana Karen Handel na disputa por uma cadeira do Estado da Geórgia na Câmara, o presidente fez um comício agressivo, em tom de campanha, na noite de quarta-feira (21) em Iowa.

    O resultado do pleito, visto por muitos como uma espécie de miniplebiscito sobre os rumos da atual administração, expôs as feridas do Partido Democrata, que se viu derrotado também na vizinha Carolina do Sul.

    As eleições, no mesmo dia, foram convocadas para preencher vagas de deputados que saíram para integrar a equipe do governo. Os republicanos já haviam vencido em Kansas e Montana.

    Avaliando a derrota, o democrata Tim Ryan, deputado por Ohio, disse que a marca de seu partido se tornou "tóxica" em grande parte do país por não conseguir conectar-se com as questões que interessam aos eleitores. "Nossa marca é pior do que a de Trump", afirmou.

    A crítica revela as preocupações que vão tomando o partido tendo em vista as eleições legislativas de 2018, que poderão colocar em xeque a maioria republicana.

    O resultado da Geórgia intensificou a oposição interna à liderança da veterana progressista Nancy Pelosi, 76, deputada pela Califórnia, e levantou uma série de críticas às dificuldades do partido em formular propostas para o crescimento da economia e defender os interesses da classe assalariada do meio-oeste e do sul do país.

    Os democratas tendem a ser vistos por esses setores como representante de uma elite costeira esnobe e globalizada, particularmente da Califórnia e de Nova York.

    Uma pesquisa para o "Wall Street Journal" e a rede NBC, divulgada nesta quinta (22) mostrou que os republicanos são considerados mais confiáveis do que os democratas para administrar a economia e que seis em cada dez americanos veem melhora na situação econômica em 2017.

    A pesquisa também revelou que a aprovação do presidente permaneceu em 40% após a notícia de que ele estaria sendo investigado no caso sobre os contatos de seus assessores com a Rússia.

    Não por acaso, no comício de Iowa, Trump ressaltou os bons resultados econômicos.

    Embora a recuperação se mostrasse clara no final do mandato de Barack Obama, o republicano se beneficia de indicadores favoráveis no emprego e no mercado financeiro, que atribui à sua política de desregulamentação e à confiança empresarial em seu plano de reforma tributária.

    O presidente não perdeu a chance de exercitar-se num de seus esportes favoritos: detonar a a mídia progressista ou de centro-esquerda, que classifica de "fake news" (notícias falsas). Sob aplausos, citou jornais "falidos" e atacou os canais CNN e MSNBC.

    A conservadora Fox News fez ampla cobertura e espezinhar seus concorrentes.

    Por fim, o presidente começa a se aproximar da aprovação da lei para substituir o Obamacare, a reforma do sistema de saúde implementada pelo antecessor. Embora as dificuldades persistam, é provável que os republicanos fechem acordo no Senado.

    *

    NÚMEROS POSITIVOS
    ECONOMIA AJUDA TRUMP

    4,3%
    foi o índice de desemprego dos EUA em maio, o menor desde fev. 2001

    21.397
    pontos foi o índice Dow Jones (Bolsa de NY) nesta quinta (22), alta acumulada de 8,3% no ano

    Trump emparedado

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