• Mundo

    Saturday, 04-May-2024 05:15:26 -03

    Visto mais emitido para países-alvo de Trump é mais vulnerável a veto

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    28/06/2017 02h00

    O perfil dos cidadãos dos seis países-alvos do decreto anti-imigração de Donald Trump deve tornar a decisão tomada pela Suprema Corte na segunda-feira (26) mais abrangente do que inicialmente pareceu.

    Dados mais recentes do Departamento de Estado mostram que 79% dos 4.563 vistos de não-imigrante emitidos para cidadãos de Líbia, Iêmen, Irã, Síria, Somália e Sudão entre março e abril eram de turismo (B2) ou turismo e negócios (B1/B2) –categoria que pode ter mais dificuldade em provar "relação autêntica com uma pessoa ou entidade nos EUA".

    A Suprema Corte definiu que o decreto de Trump, proibindo temporariamente a entrada de cidadãos dessas nações de maioria muçulmana, poderia ser aplicado para os indivíduos que não conseguirem comprovar tal relação.

    Em casos de vistos de estudante, de intercâmbio ou de trabalho temporário, por exemplo, a ligação com uma instituição no país é mais difícil de ser contestada.

    No caso do Irã, 82% dos vistos concedidos em março e abril foram de turismo ou turismo e negócios. Entre sírios, sudaneses e iemenitas, a emissão desses tipos de visto foi acima dos 77%.

    "Se você é de um desses países e está tentando tirar visto porque quer passar férias em Nova York, mas não conhece ninguém nos EUA, agora certamente não vai ter esse visto", diz Sirene Shebaya, membro da aliança Dulles Justice Coalition, criada para atender pessoas barradas no aeroporto de Dulles (Washington) pelo primeiro decreto de Trump, também suspenso pela Justiça.

    Ela, contudo, observa que a negativa dependerá de cada situação e da rigidez com que o governo passará a aplicar a nova regra, a partir da próxima quinta-feira (29).

    "Se você vem visitar sua mãe ou sua irmã que vivem nos EUA, vai pedir um visto de turista. E não esperamos que esse tipo de solicitante tenha problema", afirma.

    A ordem executiva determina que quem tivesse o green card ou um visto válido no dia da assinatura do decreto não seria afetado –logo, é mais provável que a aplicação do decreto tenha mais impacto na emissão de vistos e menos na chegada desses cidadãos com visto.

    Mesmo assim, a organização de Shebaya montou uma rede para atender e prestar apoio jurídico a indivíduos desses países que possivelmente sejam barrados nos aeroportos. "Não sabemos como essa ordem será implementada, então nos mobilizamos para estar presentes", disse Shebaya.

    Depois dos vistos de turista, os mais procurados são de estudante e de intercâmbio no caso do Irã, que soma 60% do total de documentos emitidos para os seis países.

    No caso da Síria, segundo país com mais vistos do grupo, caiu o número de vistos de estudante expedidos em relação a 2016, e aumentou o de noivos e cônjuges de americanos, além do de membros de órgãos internacionais.

    Para os grupos de defesa dos direitos dos imigrantes, os refugiados também poderão ser mais facilmente barrados. Para eles, também valerá a regra da "relação autêntica com uma pessoa ou entidade nos EUA".

    Segundo uma estimativa de organizações citada pelo "New York Times", quatro em cada dez refugiados que vão para os EUA não teriam nenhum laço familiar no país.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024