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    Entenda o ataque de helicóptero que agravou a crise política na Venezuela

    DE SÃO PAULO

    28/06/2017 11h42

    Helicóptero sobrevoando Caracas? Granadas e tiros contra prédios públicos? Ataque terrorista e tentativa de golpe?

    Se você está confuso com as últimas notícias sobre a Venezuela, veja, abaixo, seis perguntas e respostas que explicam o que está acontecendo.

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    Reprodução
    Helicóptero sobrevoa sede do governo e do Supremo, e Maduro fala em terror
    Helicóptero sobrevoa sede do governo e do Supremo, e Maduro fala em terror

    1. O QUE ACONTECEU NA TERÇA-FEIRA (27)?
    Um helicóptero da polícia científica sobrevoou prédios públicos em Caracas em protesto contra o governo de Nicolás Maduro. O líder chavista classificou o episódio de "ataque terrorista", afirmando que foram lançadas granadas contra a sede do Tribunal Supremo de Justiça e disparados tiros contra o Ministério de Justiça e Interior. Segundo relatos, o governo enviou tanques para reforçar a segurança do Palácio de Miraflores, sede do Executivo. Não há informações sobre feridos.

    2. QUEM PILOTAVA A AERONAVE?
    O responsável pela ação é Óscar Pérez, membro da polícia científica, ator de filmes de ação e antigo piloto de um ex-ministro chavista. O governo o acusa de agir sob ordens dos Estados Unidos e, como evidência disso, divulgou fotos do piloto em Washington. Pérez divulgou um vídeo nesta terça, dizendo não pertencer a nenhum grupo político específico, mas sim a uma "coalizão" de civis e militares que luta "contra a tirania". Do helicóptero, foi exibida uma bandeira com os dizeres "350 Liberdade", que seria uma referência ao artigo da Constituição de mesmo número.

    Vídeo

    3. O QUE É O ARTIGO 350?
    O artigo diz que "o povo da Venezuela, fiel à sua tradição republicana e sua luta pela independência, paz e liberdade, deve repudiar qualquer regime, legislação ou autoridade que viole os valores, princípios e garantias democráticas ou usurpe os direitos humanos". O governo Maduro é acusado de perseguir adversários e reprimir manifestações da oposição.

    4. TRATA-SE DE UMA TENTATIVA DE GOLPE?
    Embora a ação desta terça-feira não tenha parecido uma tentativa de derrubar o governo, o episódio deve representar uma grave deterioração no quadro político da Venezuela. Até agora, as Forças Armadas vinham mantendo-se leais ao chavismo. A atitude de Pérez indica que alguns integrantes das forças de segurança já não têm disposição de manter esse apoio.

    Resta saber qual o tamanho e a força desse setor dissidente, que poderia tentar liderar um golpe contra Maduro. A Venezuela tem um histórico recente de golpes fracassados: Em abril de 2002, a oposição realizou uma tentativa de golpe contra o então presidente Hugo Chávez, mas fracassou; dez anos antes, em fevereiro 1992, foi Chávez, então um membro das Forças Armadas, que liderou uma tentativa de golpe fracassada contra o presidente Carlos Andrés Pérez.

    9.mar.2015/Palácio de Miraflores/Reuters
    Venezuela's President Nicolas Maduro holds up a book of the country's constitution as he speaks during a national TV broadcast in Caracas in this March 9, 2015 picture provided by Miraflores Palace. The United States on Monday declared Venezuela a national security threat and ordered sanctions against seven officials from the oil-rich country in the worst bilateral diplomatic dispute since socialist Maduro took office in 2013. REUTERS/Miraflores Palace/Handout via Reuters (VENEZUELA - Tags: POLITICS) ATTENTION EDITORS - THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. REUTERS IS UNABLE TO INDEPENDENTLY VERIFY THE AUTHENTICITY, CONTENT, LOCATION OR DATE OF THIS IMAGE. THIS PICTURE IS DISTRIBUTED EXACTLY AS RECEIVED BY REUTERS, AS A SERVICE TO CLIENTS. FOR EDITORIAL USE ONLY. NOT FOR SALE FOR MARKETING OR ADVERTISING CAMPAIGNS ORG XMIT: CAR15
    Nicolás Maduro, presidente de Venezuela, segura uma cópia da Constituição em 2015

    5. POR QUE ISSO ESTÁ ACONTECENDO?
    A Venezuela passa por uma profunda crise política e econômica, o que tem levado a uma crescente insatisfação popular com o governo. Desde abril, a oposição vem organizando protestos praticamente diários contra o governo Maduro, os quais frequentemente acabam em violência. A onda de protestos e saques já deixou dezenas de mortos, incluindo policiais, manifestantes e pessoas que não participavam diretamente dos confrontos.

    Os manifestantes exigem a libertação dos presos políticos e a realização de eleições. Além disso, os adversários do governo se opõem à Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Maduro, a qual consideram uma manobra dos chavistas para se alterar as leis e se manter no poder. A escolha dos delegados da Constituinte ocorrerá em 30 de julho, por meio de um processo eleitoral criticado inclusive por figuras do chavismo, como a procuradora-geral Luisa Ortega Díaz.

    6. E AGORA?
    Diante dos impasses institucionais, o país pode vir a observar uma escalada da violência nos protestos. O presidente Maduro vem saudando a atuação da polícia nas manifestações e convocando seus seguidores a "pegar em armas" para defender o governo.

    A crise também pode ter efeitos sobre a região, aumentando o fluxo de venezuelanos em busca de melhores condições de vida nos países vizinhos. Nos últimos meses, milhares deles atravessaram para o Brasil e se instalaram em Boa Vista e Manaus, levando as autoridades locais a decretar emergência.

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