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Tropas paramilitares iraquianas disparam contra militantes do EI durante uma batalha no sul de Mossul |
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Mundo
Saturday, 04-May-2024 09:45:17 -03Receitas do Estado Islâmico caem 80% em relação a 2015
DAVID FRANCIS
DA "FOREIGN POLICY"29/06/2017 23h43
O autoproclamado califado do Estado Islâmico não existe mais, segundo um porta-voz militar iraquiano, e um novo relatório sobre a grande redução das receitas do grupo sugere que ele pode estar certo.
"O Estado fictício deles caiu", disse na televisão estatal o brigadeiro-general Yahya Rasool.
O aparente colapso do grupo é confirmado por um estudo divulgado na quinta-feira (29) de manhã, segundo o qual três anos depois de o Estado Islâmico (EI) ter declarado um califado em partes do Iraque e da Síria ele perdeu 80% de suas receitas e aproximadamente dois terços de seu território. O relatório, preparado pelo grupo de informação e análises IHS Markit, sediado em Londres, descobriu que a renda mensal média do EI caiu drasticamente, de US$ 81 milhões no segundo trimestre de 2015 para US$ 16 milhões no mesmo período de 2017 –uma queda de 80%.
A receita está em declínio em todas as fontes de renda do grupo terrorista: taxação da populações sob seu controle, confisco de bens, contrabando e produção de petróleo e comércio ilegal de antiguidades. A IHS descobriu que a receita mensal do petróleo caiu 88% e a renda de impostos e confiscos diminuiu 79% em relação às estimativas iniciais, de 2015.
"As perdas territoriais são o principal fator que contribui para a perda de receitas do EI", disse Ludovico Carlino, analista sênior de Oriente Médio na IHS Markit. "A perda do controle da populosa cidade iraquiana de Mossul e de áreas ricas em petróleo nas províncias sírias de Raqqa e Homs teve um impacto especialmente significativo na capacidade do grupo de gerar renda."
Ao adquirir poder, o EI tornou-se um gigante financeiro. Segundo um estudo de 2014 da Thomson Reuters, o grupo terrorista tinha mais de US$ 2 trilhões em ativos sob seu controle, com um faturamento anual de US$ 2,9 bilhões. Outras estimativas variam, mas todas mostram que o grupo tinha bolsos profundos.
Grande parte desse dinheiro é levantado por meio de "impostos" que o grupo aplica aos habitantes de seu território. Isso incluía uma taxa de US$ 800 por caminhão que entrasse no Iraque vindo da Jordânia e da Síria, um imposto de 5% coletado para benefícios sociais e salários, um imposto rodoviário de US$ 200 para os motoristas do norte do Iraque, outro de 50% pela autorização para saquear os sítios arqueológicos de Raqqa e um de 20% em locais semelhantes em Aleppo, segundo o estudo da Thomson Reuters. Mohamed Ali Alhakim, embaixador do Iraque na ONU, disse que o EI ganha até US$ 100 milhões por ano com o comércio ilícito de objetos antigos.
Além disso, a coleta de lixo, o óleo para aquecimento e os geradores de eletricidade eram taxados. Esses pagamentos geravam até US$ 30 milhões por mês, segundo a Thomson Reuters. Um relatório de 2015 de "The New York Times", baseado em dados da Rand Corp., situou mais alto a renda anual de extorsão e impostos em 2014: US$ 600 milhões.
A perda de receitas e de território combinada significa que "é evidente que o projeto de governança do grupo fracassou", disse Columb Strack, analista sênior para o Oriente Médio na IHS Markit.
Mas o EI ainda é poderoso, advertiu a IHS. A firma disse que a perda de território na Síria e no Iraque aumenta a probabilidade de que o grupo tente atacar no exterior, como já fez em toda a Europa, disse o relatório. Ele também determinou que ataques ao grupo no Ocidente poderão levar a mais violência fora da Síria e do Iraque.
"Os riscos de terrorismo de grupos islâmicos provavelmente aumentarão antes de diminuírem", disse Firas Modad, analista sênior para o Oriente Médio na IHS Markit.
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