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    Tribunal manda desligar aparelhos de bebê britânico com doença terminal

    LINDSEY BEVER
    DO "WASHINGTON POST"

    03/07/2017 19h38

    Family of Charlie Gard/Associated Press
    O bebê Charlie Gard, que possui uma doença terminal, no Hospital Infantil Ormond Street, em Londres
    O bebê Charlie Gard, que possui uma doença terminal, no Hospital Infantil Ormond Street, em Londres

    O presidente dos EUA, Donald Trump, e o Vaticano declararam apoio a Charlie Gard, um bebê britânico de 11 meses que, por ordem da Justiça britânica, deve ter os equipamentos que o mantêm vivo desligados apesar de seus pais serem contra.

    Em um canal oficial, o papa Francisco escreveu que "defender a vida humana, sobretudo quando ferida por doença, é um dever de amor que Deus confia a todos".

    O Hospital Menino Jesus, que pertence ao Vaticano, contatou o Grande Hospital Infantil de Ormond Street, onde o bebê está internado em Londres, para saber se Charlie pode ser transferido para Roma.

    Trump, por sua vez, declarou que os EUA "ficarão muito felizes em ajudar o pequeno #CharlieGard", como "nossos amigos no Reino Unido e o papa".

    Não está claro, porém, como o governo americano poderia ajudar neste caso.

    "Sabemos que é um caso desesperado e que não há terapias eficazes", disse à agência italiana Ansa Mariella Enoc, presidente do hospital do Vaticano. "Estamos junto dos pais em orações e, se for seu desejo, dispostos a receber seu filho durante o tempo que lhe resta de vida."

    Charlie, nascido em 4 de agosto, tem uma condição genética rara ligada ao esgotamento do DNA mitocondrial e um consequente dano que atinge seu cérebro e seus músculos, tornando-o incapaz de mover braços e pernas, de comer e mesmo de respirar por conta própria.

    À revelia dos pais, tribunais britânicos decidiram que o menino deve ter permissão para morrer depois de uma batalha jurídica em que médicos afirmaram que a criança não tem possibilidade de sobreviver. A família afirma haver um tratamento experimental nos EUA que eles ainda não tentaram.

    O caso foi levado ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, que se recusou a acatá-lo na semana passada, mantendo decisões anteriores de que é do interesse do bebê desligar os aparelhos.

    Os pais de Charlie, Chris Gard e Connie Yates, manifestaram desespero por não poderem decidir sobre a vida de seu filho. Eles apareceram em um vídeo no final da semana passada, dizendo que o bebê teria os aparelhos vitais desligados na sexta (30).

    "Ele lutaria até o fim, mas não podemos mais lutar por ele", diz Gard. "Não podemos nem sequer levar nosso filho para morrer em casa."

    Os pais haviam dito que o hospital não queria lhes dar tempo para a despedida, mas depois afirmaram que a retirada foi adiada na sexta. Contatada, a direção do hospital disse que não comentaria detalhes específicos do caso.

    Um porta-voz da Fundação Grande Hospital Infantil de Ormond Street confirmou que a instituição e os pais de Charlie estão "fazendo planos para cuidar dele e lhes dar mais tempo juntos como uma família" e pediu privacidade para o hospital e a família, "neste momento perturbador".

    O porta-voz do Vaticano Greg Burke, que retuitou os comentários do papa com o hashtag #CharlieGard, disse em um comunicado que Francisco havia pedido que os pais de Charlie sejam autorizados a cuidar dele até sua morte.

    "O Santo Padre acompanha com afeto e emoção o caso do pequeno Charlie Gard e declara sua proximidade de seus pais", disse o comunicado, segundo a Rádio Vaticano. "O papa reza por eles, esperando que seu desejo de acompanhar e cuidar do filho até o fim não seja ignorado."

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