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    EUA confirmam vitória em Mossul; retomada revela cidade destruída

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    10/07/2017 16h25 - Atualizado às 18h09

    Um dia após o governo do Iraque proclamar vitória, os Estados Unidos confirmaram nesta segunda-feira (10) a retomada de Mossul do Estado Islâmico (EI).

    Apesar das comemorações, os primeiros relatos indicam que os nove meses de conflito deixaram a cidade iraquiana quase totalmente devastada. Em algumas das áreas mais afetadas, nenhum prédio escapou dos danos causados pelas batalhas.

    Nesta segunda, o premiê do Iraque, Haider al-Abadi, afirmou que agora a prioridade do governo é a "estabilidade e a reconstrução" de Mossul, que fora o último grande reduto do EI no país. Ele proclamou a "vitória total" na região.

    "Anuncio daqui o fim, o fracasso e o colapso do falso Estado terrorista que o Estado Islâmico anunciou em Mossul", disse Abad.

    Para o comandante da coalização internacional liderada pelos Estados Unidos, Stephen Townsend, contudo, ainda "há uma luta dura pela frente". A operação de retomada da cidade contou com o apoio essencial de forças externas.

    Mesmo reconhecendo a vitória como um golpe decisivo contra os rebeldes, Townsend afirmou que ela não elimina por completo o EI na região. Mais cedo, forças iraquianas ainda encontravam focos de resistência extremista em Mossul e os confrontos continuavam.

    "Eles não aceitaram a rendição. Gritam 'não vamos nos render, queremos morrer", disse o general Sami al-Aridhi, um dos comandantes das forças de elite de contra-terrorismo.

    Além dos focos de resistência em Mossul, o EI ainda controla as cidades de Tal Afar (50 km a oeste de Mossul) e Hawija (300 km ao norte de Bagdá), bem como as zonas desérticas da província de Al-Anbar (oeste) e a região de Al-Qaïm, na fronteira com a Síria.

    MANIFESTAÇÕES

    Também nesta segunda, o Iraque recebeu diversas manifestações de apoio da comunidade internacional pela retomada de Mossul.

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou a reconquista.

    "A vitória demonstra que os dias do Estado Islâmico no Iraque e Síria estão contados", disse Trump em comunicado.

    Já o governo do Irã felicitou o país pela vitória e ofereceu ajuda para reconstruir áreas destruídas.

    "Felicitamos a população corajosa e o governo do Iraque pela libertação de Mossul", escreveu no Twitter o chanceler iraniano, Javad Zarif.

    O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, questionou quem vai pagar pela reconstrução da cidade. "Mossul está em ruínas", disse.

    O que é Estado Islâmico

    CRISE HUMANITÁRIA

    A campanha militar provocou também uma crise humanitária na região, marcada pela fuga de milhares de civis.

    Segundo a ONU, cerca de 900.000 pessoas continuam deslocadas. Muitos deles passaram a viver em acampamentos fora da cidade, com pouca proteção do calor do verão.

    Os civis encurralados em Mossul viveram os últimos meses em "condições terríveis", sofrendo com a falta de alimentos e a água, os bombardeios e os intensos combates, além de serem usados como escudos humanos pelos extremistas.

    "É provável que milhares de pessoas continuem deslocadas por vários meses", afirmou o Alto Comissariado para os Refugiados (Acnur) em um comunicado divulgado nesta segunda. "Muitos não têm mais casa e os serviços essenciais, como fornecimento de água e de eletricidade, bem como as infraestruturas como escolas e hospitais, precisam ser reconstruídos ou reparados".

    Há quase três anos, líderes do grupo extremista declararam, de Mossul, um "califado" juntando partes do Iraque e da Síria. Mas, além de sofrer sucessivas derrotas no Iraque, o EI é também alvo de ofensiva em Raqqa, sua autoproclamada capital na Síria.

    A perda progressiva de territórios enfraquece a milícia, reduzindo a capacidade de obter recursos financeiros e de recrutar combatentes.

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