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    Presidente da Colômbia pedirá a Cuba que medeie crise venezuelana

    JOHN PAUL RATHBONE
    DO FINANCIAL TIMES, EM MIAMI

    17/07/2017 02h10

    O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, embarcou para Cuba na noite deste domingo (16) com a missão de convencer Havana a apoiar uma iniciativa regional para estancar a crise na Venezuela, que já deixa 95 mortos em protestos desde abril.

    A iniciativa, que teria apoio da Argentina e do México, é controversa mas pode ser eficaz: como principal aliada da Venezuela, Cuba e seus serviços de inteligência trabalham de forma próxima com o presidente Nicolás Maduro.

    Efrain Herrera/Presidência da Colômbia/Xinhua
    O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, é recebido na chegada à Havana neste domingo
    O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, é recebido na chegada à Havana neste domingo

    "Santos é uma das poucas pessoas, talvez a única, que conhece bem os três envolvidos", disse uma pessoa familiarizada com a situação. "Conhece Maduro e a Venezuela, Raúl Castro e Donald Trump e o Departamento de Estado."

    A iniciativa ocorre em um momento crítico para a Venezuela após Maduro propor a eleição de uma Constituinte. Se a iniciativa regional for bem sucedida, o pleito em 30 de julho pode ser cancelado.

    O cenário deve mudar também com o plebiscito opositor. Conforme o resultado, analistas dizem que Maduro pode mudar de ideia sobre a Carta.

    "Se ele mantiver a eleição, ela será um novo ápice da crise política corrente e testará a lealdade das forças de segurança, já que a oposição deve mobilizar manifestantes em protestos significativos", disse Risa Grais-Targow, analista da consultoria Eurasia.

    Santos trabalhou com Havana, Washington e Caracas nos últimos seus anos nas negociações de paz entre governo e as guerrilhas das Farc na Colômbia. Mas sua viagem a Cuba, parte de uma missão comercial marcada há tempo, também sinaliza a crescente preocupação internacional com a Venezuela.

    Na cúpula do G20 na Alemanha, o presidente argentino, Mauricio Macri, e o premiê espanhol, Mariano Rajoy, pediram a outros chefes de Estado que prestassem atenção na situação da Venezuela, "onde os direitos humanos não são respeitados".

    A crise secou as reservas internacionais do país. Dados divulgados na sexta (14) mostram que, pela primeira vez em 15 anos, as reservas do banco central venezuelano estão abaixo de US$ 10 bilhões. A queda deve realimentar temores de calote.

    A companhia estatal de petróleo, PDVSA, precisa pagar juros e dívidas de US$ 3,7 bilhões no fim do ano.

    Apesar dos temores, porém, pouco tem sido feito, com exceção de gestos dos EUA e do Brasil. Washington impôs sanções financeiras a membros do governo do país, e o Brasil suspendeu as vendas de gás lacrimogêneo.

    Rex Tillerson, secretário de Estado dos EUA, disse em junho que estava listando indivíduos para serem alvo de mais sanções. Uma opção mais radical para os EUA, debatida em Washington, é suspender a venda de petróleo venezuelano no país.

    Cuba seria um mediador atípico, já que recebe petróleo subsidiado de Caracas em troca de médicos. As relações com Washington também esfriaram após Trump recuar na reaproximação com a ilha iniciada por Barack Obama.

    Mas Havana pode oferecer proteção aos assessores mais próximos de Maduro.

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