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    EUA e UE ameaçam impor sanções a Maduro se Constituinte for mantida

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    17/07/2017 21h26

    EUA e União Europeia ameaçaram nesta segunda (17) impor sanções contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, caso ele mantenha a convocação de uma Constituinte. O ultimato veio um dia após milhões de pessoas rejeitarem a convocatória em plebiscito sem valor legal organizado pela oposição.

    O chavista, porém, deu sinais de que não pretende recuar. Voltou a acusar os estrangeiros de ingerência no país —mesmo argumento usado para rebater as condenações pela violência nos protestos contra ele, que somam 96 mortos em 108 dias.

    Carlos Garcia Rawlins/Reuters
    O vice-presidente do Legislativo, Freddy Guevara, anuncia medidas da oposição após plebiscito
    O vice-presidente do Legislativo, Freddy Guevara, anuncia medidas da oposição após plebiscito

    A Casa Branca disse que tomará "ações econômicas fortes e rápidas" contra Caracas se a votação for mantida. "Os EUA não ficarão parados enquanto a Venezuela desmorona", diz o comunicado, que reitera o chamado de eleições "livres e justas" para "transformar o país em uma "democracia próspera e plena".

    A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, disse que o bloco pode aplicar sanções contra o país se Maduro mantiver a eleição do próximo dia 30.

    "Convocar essa Assembleia Constituinte corre o risco de polarizar mais o país e de aumentar a confrontação."

    A punição é solicitada pela Espanha, que, junto com a Alemanha, pediu que Maduro repense a decisão de manter a eleição da Constituinte.

    Os cumprimentos aos participantes do plebiscito também vieram de desafetos regionais do chavismo, como o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, e a Argentina.

    Em nota, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro considerou o alto comparecimento "uma mostra inequívoca da vontade" dos venezuelanos de restaurarem o Estado de Direito e pediu o cancelamento da votação.

    As reações começaram horas após a divulgação dos resultados da consulta que, segundo a comissão organizadora, teve 7.186.170 votos, o equivalente a 36% do eleitorado e metade dos votantes na eleição parlamentar de 2015, vencida pela oposição.

    Ainda no fim da tarde do domingo, o instituto de pesquisa ORC, independente, divulgou uma boca de urna em que estimava 4 milhões de participantes. Naturalmente, chavistas não compareceram.

    Maduro reiterou a posição de que a troca da Constituição "consolida a independência e a soberania" do país e atacou a reação estrangeira, pondo Mogherini como alvo.

    "A Venezuela é um país livre e soberano e ninguém nos dá ordens! Federica, você se enganou. A Venezuela não é colônia da União Europeia!"

    Até o momento ele não comentou as declarações de Trump.

    PROTESTOS

    Nesta segunda, a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) anunciou uma agenda de medidas da "hora zero", como chama a resposta aos participantes do plebiscito que convocou.

    O vice-presidente da Assembleia Nacional, Freddy Guevara, convocou os votantes a registrarem na quarta (19) a intenção de convocar um governo de união e a uma greve geral na quinta (20).

    Enquanto isso, o governo manteve a campanha para desestimar o plebiscito. Um dos principais líderes chavistas, Jorge Rodríguez acusou a oposição de ter triplicado o número de votantes e a atacou por fazer a consulta sem a relação oficial de eleitores.

    "Eles nem sabiam quem tinha direito a votar. Votaram crianças de dez anos, brasileiros, americanos", disse. O Conselho Nacional Eleitoral não forneceu as atas à MUD.

    *

    ENTENDA O PLEBISCITO

    Qual o valor legal do plebiscito da oposição a Maduro?
    Nenhum. Ele não foi aprovado pelo Conselho Nacional Eleitoral e não tem validade

    Por que promovê-lo?
    A votação foi um gesto de protesto contra a convocação de uma Constituinte por Maduro com cotas para chavistas

    Qual a consequência?
    A participação expressiva aumenta a pressão sobre Maduro e dá munição a governos estrangeiros para pedirem que ele desista da Constituinte

    Quantos votaram?
    A oposição fala em 7,2 milhões de votantes de um universo de 20 milhões; um instituto de pesquisa estimou 4 milhões. 98% dos votos foram contra a Constituinte –os chavistas não foram às urnas

    Houve auditoria?
    Uma universidade e cinco ex-presidentes latino-americanos monitoraram a votação, mas sem haver lista de eleitores –o pleito não é oficial– é impossível verificar os números

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