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    Opositores propõem plano de governo de união nacional na Venezuela

    DIEGO ZERBATO
    DE SÃO PAULO

    19/07/2017 23h23

    A oposição da Venezuela apresentou nesta quarta-feira (19) um plano de governo de união para uma eventual saída de Nicolás Maduro. A medida é uma das respostas ao plebiscito simbólico contra a Constituinte que, segundo os rivais do presidente, teve 7,6 milhões de votantes.

    O documento, que pode ser entendido como um programa de governo em caso de alternância de poder, foi comparado pelo chavismo com o anúncio da junta de governo que substituiu Hugo Chávez durante o golpe de 2002.

    Carlos Garcia Rawlins/Reuters
    Pedestres tentam ultrapassar barricada montada por opositores a Nicolás Maduro em rua de Caracas
    Pedestres tentam ultrapassar barricada montada por opositores a Nicolás Maduro em rua de Caracas

    No anúncio, a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) afirmou querer um governo composto por seus pares e "setores independentes" para recuperar o país caribenho.

    "O modelo político que nos governa transformou o povo da Venezuela em objeto de uma ideologia e não em sujeito de sua própria transformação positiva", diz a nota, em que prometem respeitar os adversários políticos.

    "Diferentemente da prática corriqueira desta ditadura, não haverá nenhum tipo de retaliação, discriminação, muito menos perseguição contra quem simpatize ou milite em organizações diferentes às do próximo governo."

    O primeiro objetivo, dizem os opositores, será mitigar a crise humanitária e a escassez de alimentos e remédios.

    Na sequência, prevê "o saneamento e a depuração" das forças de segurança e a erradicação dos coletivos, assim como a diminuição da influência das Forças Armadas no Estado venezuelano.

    Em etapas seguintes, prevê a mudança para um modelo econômico "em prol do progresso nacional". Com a atual situação, porém, a possibilidade de implantação deste programa é reduzida.

    Mesmo se Maduro deixar o cargo, seus sucessores naturais, o vice Tareck El Aissami e o deputado Diosdado Cabello, são mais radicais e aprofundariam o conflito.

    Em nota, o governo diz que, com a proposta, a oposição ignora que o mandato de Maduro termina em 2019. "A MUD propõe desmontar o Estado democrático e social de direito instituído por ampla aprovação do povo."

    O anúncio faz parte da "hora zero", como a oposição chama a série de medidas para pressionar o governo a cancelar a Assembleia Constituinte, cuja votação está marcada para o dia 30. Nesta quinta (20), os opositores programam uma greve geral.

    VERBA PARA PLEBISCITO

    Na próxima semana, os opositores devem anunciar novas medidas após o plebiscito, que, segundo os organizadores, foi feito com recursos públicos reduzidos e apoio financeiro de membros das comunidades locais.

    Dentro do país, a MUD diz ter usado recursos próprios e contou com doações de empresários, da Igreja Católica e das comunidades locais, que cederam espaços para os centros de votação.

    Uma das organizadoras da consulta no sul da Flórida, que tem a maior comunidade venezuelana fora do país, Beatriz Olavarría disse à Folha que, além dos votantes, os prefeitos da região ofereceram gratuitamente os espaços para o plebiscito.

    Também foi cedido o espaço para os centros eleitorais do Brasil, afirma Blanca Montilla, uma das organizadoras em São Paulo. As cédulas no exterior, diz, foram pagas em "vaquinhas" de expatriados.

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