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    Cortes no Orçamento levam ao fim lua de mel de Macron na França

    MICHAEL STOTHARD
    DO "FINANCIAL TIMES"

    20/07/2017 07h00

    O período de lua-de-mel de Emmanuel Macron já terminou. Após apenas dois meses, esta semana militares, professores e autoridades locais estão todos desafiando o presidente francês em torno dos cortes orçamentários propostos.

    Determinado a restaurar a credibilidade da França no palco europeu, Macron prometeu respeitar as regras da UE que limitam o deficit a 3% do PIB. Mas isso requer cortes de € 4,5 bilhões (R$ 16,3 bilhões) no orçamento deste ano e ainda mais no de 2018.

    Gonzalo Fuentes - 18.jul.2017/Reuters
    O presidente dos EUA, Emmanuel Macron, recebe a colega suíça, Doris Leuthard, no Palácio do Eliseu
    O presidente da França, Emmanuel Macron, recebe a colega suíça, Doris Leuthard, no Palácio do Eliseu

    É claro que tudo isso é ótimo, em princípio. Mas, quando se trata de colocar os pingos nos is, nenhum dos departamentos do governo gosta da ideia de contar com menos dinheiro. "A educação é importante!", dizem alguns. "A saúde é crucial!", falam outros.

    Estranhamente, em se tratando da França, a oposição inicial foi expressa pelos militares, geralmente calados. Usando linguagem que o "Financial Times" não pode reproduzir no papel, o general de alto escalão Pierre de Villiers atacou na semana passada os cortes de despesas do Exército decretados por Macron.

    O presidente repreendeu o general publicamente e disse que não lavará roupa suja em público. Ao mesmo tempo, porém, procurou aplacar o establishment militar, prometendo elevar seus gastos em 2018.

    Ao mesmo tempo, os professores estão indignados com o cancelamento de uma verba de € 331 milhões (R$ 1,2 bilhão) para ensino superior e pesquisas. Um sindicalista citado pelo "Le Monde" considerou o corte "inaceitável". "Sem precedentes", comentou outro.

    Na segunda-feira, finalmente, Paris anunciou que as autoridades municipais terão que poupar € 13 bilhões (R$ 47,2 bilhões) até 2022, € 3 bilhões (R$ 10,1 bilhões) acima do previsto. O anúncio está gerando críticas de governos locais.

    François Baron, diretor da associação de prefeitos franceses e opositor virulento de tudo que diz respeito a Macron, disse que o governo não pode mais ficar "limpando a sola do sapato" nas comunidades locais.

    Tudo isso é indicativo do esforço árduo enfrentado por Macron para alcançar sua meta de economizar €60 bilhões até 2022, enquanto a discussão na França mergulha nos detalhes. Analistas dizem que a discussão do orçamento de 2018 só vai esquentar após o verão deste ano.

    Longe dos orçamentos, Macron também enfrenta oposição à sua proposta de acabar com o estado de emergência declarado em novembro de 2015, mas incorporar alguns de seus princípios à lei. A medida está sendo debatida pelo Senado esta semana.

    Tradução de CLARA ALLAIN

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