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    Estilo ríspido e respostas atravessadas marcaram 'era' Spicer na Casa Branca

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    22/07/2017 02h00

    Por seis meses, Sean Spicer ocupou o posto que a conservadora Jennifer Rubin, colunista do "New York Times", certa vez descreveu como o "pior trabalho da cidade": o de porta-voz do presidente Donald Trump.

    Spicer, 44, que antes de assumir a linha de frente do governo Trump na batalha com a imprensa havia sido diretor de comunicação do Comitê Nacional Republicano por seis anos, começou o mandato no espírito do novo chefe: combativo em relação aos jornalistas, sem se importar se seus argumentos eram, de fato, razoáveis para vencer os embates.

    Mandel Ngan - 8.mai.2017/AFP
    White House Press Secretary Sean Spicer speaks during the daily briefing in the Brady Briefing Room of the White House on May 8, 2017 in Washington, DC. / AFP PHOTO / Mandel NGAN ORG XMIT: MNN004
    O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, concede entrevista a jornalistas em Washington, DC

    O primeiro já foi no dia seguinte à posse de Trump, quando ele questionou a cobertura "vergonhosa e errada" e as imagens divulgadas da cerimônia, que mostravam um público bem menor que o que compareceu à posse de Barack Obama, em 2009.

    Na ocasião, Spicer disse que as fotos da cerimônia tinham sido "enquadradas intencionalmente para minimizar o enorme apoio" que Trump teve durante a posse, no National Mall. "Foi a maior audiência já testemunhada em uma posse, ponto", afirmou o porta-voz.

    Naquele momento, Spicer deixou claro a que veio.

    Nas primeiras semanas, o estilo mais ríspido -como mandar uma repórter parar de balançar a cabeça em sinal de descrédito enquanto ele falava- e as respostas atravessadas aos correspondentes da Casa Branca garantiram material precioso para programas humorísticos desenvolverem suas esquetes sobre as entrevistas diárias.

    A imitação da comediante Melissa McCarthy no "Saturday Night Live" ganhou fãs instantaneamente -e, nesta sexta-feira (21), nas redes sociais, as pessoas lamentavam mais o fim do personagem de McCarthy do que a saída de Spicer.

    O porta-voz cometeu também diversas gafes, como quando chegou a sugerir que o regime sírio era pior do que o de Adolf Hitler, porque o ex-líder nazista "não teria usado armas químicas". Teve depois que se retratar em frente às câmeras.

    Não raro, Spicer se viu na difícil situação de tentar explicar o inexplicável escrito por Trump em seu Twitter. Em algumas delas deixou transparecer, no semblante cada dia mais abatido, que nem ele mesmo acreditava no que dizia.

    Com o tempo, começou a sorrir diante dos repórteres -conseguiu também alguns sorrisos de volta.

    Após sua vice, Sarah Sanders, começar a dividir as entrevistas diárias com ele e mostrar que era possível ser ainda mais rabugento com a imprensa, Spicer recebeu até um "nós sentimos a sua falta, Sean" de um repórter em seu último briefing, na segunda (17). O porta-voz respondeu com aparente sinceridade: "Eu também senti a falta de vocês".

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