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    Mercosul convida Maduro e oposição a dialogar em Brasília

    SYLVIA COLOMBO
    DE ENVIADA ESPECIAL A MENDOZA

    22/07/2017 03h53

    O Mercosul convidou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e representantes da oposição para uma "consulta prévia" em Brasília antes de definir outras medidas em resposta à crise no país.

    O convite para a reunião ainda sem data marcada, feito nesta sexta ao fim da 50ª Cúpula do Mercosul, é uma advertência mais amena do que a sugerida nas semanas que antecederam o encontro.

    Não houve consenso entre os Estados-membros para uma declaração final incisiva, com o acionamento da cláusula democrática do Protocolo de Ushuaia, que prevê sanções comerciais e restrições de trânsito na fronteira.

    No começo da tarde, os presidentes Michel Temer (Brasil), Mauricio Macri (Argentina), Tabaré Vázquez (Uruguai) e Horacio Cartes (Paraguai), além dos associados Michelle Bachelet (Chile) e Evo Morales (Bolívia), debatiam um texto segundo o qual o bloco reconhecia "a vontade de milhões de venezuelanos", manifestada no plebiscito extraoficial de 16 de julho, e exortava Maduro a desistir da eleição de uma Constituinte no dia 30.

    Alguns países, no entanto, fizeram ressalvas.

    A Bolívia, que por ser Estado associado não tem direito a voto, sugeriu que se evitassem medidas potencialmente prejudiciais aos venezuelanos. Já o Uruguai, que pode votar, pediu a retirada dos pontos mais incisivos, e o documento final perdeu as menções ao plebiscito e à suspensão da Constituinte.

    Questionado pela Folha sobre o tom mais brando da declaração, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, disse discordar que tenha havido amenização.

    Para ele, afirmou, é preferível um texto que não "diz tudo literalmente, mas expressa o sentimento de preocupação de todos com os abusos" e é assinado por vários países do que um detalhado e incisivo, mas sem a assinatura do maior número possível de participantes.

    O texto final "exorta governo e oposição a não levarem a cabo nenhuma iniciativa que possa dividir ainda mais a sociedade venezuelana ou agravar conflitos institucionais", e faz um "urgente chamado para a interrupção de toda a violência e a libertação dos presos políticos".

    Foi assinado pelos outros quatro Estados-membros do Mercosul, além de Chile, Colômbia, Guiana e México –a Bolívia ficou fora.

    Em entrevista a jornalistas no fim da cúpula, o chanceler argentino, Jorge Faurie, disse que os países concordavam que "houve ruptura democrática" na Venezuela e se declarou confiante no chamado para conversas entre governo e oposição.

    Já Nunes pediu que "não se subestime a importância dos esforços diplomáticos para resgatar governos que se afastam da democracia e caminham para totalitarismos", citando os anos 70, quando havia ditaduras no Cone Sul.

    "Naquela época, houve um imenso esforço diplomático e da comunidade internacional em denunciar os abusos. Essa pressão incomodou os que estavam no poder."

    TEMER

    Mais cedo, Temer dissera que "já não há mais espaço, na América do Sul, para prisões arbitrárias, para medidas de repressão política, para atitudes e atos incompatíveis com os preceitos democráticos". "Nossa mensagem é clara: conquistamos a democracia, em nossa região, com grande sacrifício, e não nos calaremos, não nos omitiremos frente a retrocessos."

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