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    Juiz apontado pela oposição é preso pelo serviço secreto na Venezuela

    DE SÃO PAULO

    22/07/2017 21h39 - Atualizado às 00h02

    Agentes do Sebin (serviço secreto venezuelano) detiveram neste sábado Ángel Zerpa Aponte, um dos 33 juízes apontados durante a semana pela Assembleia Nacional, controlada pela oposição, para substituir os atuais integrantes do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).

    De acordo com o deputado Winston Flores, da agremiação opositora MUD (Mesa de Unidade Democrática), o magistrado foi detido por volta das 18h (19h em Brasília) em uma rua de Caracas e levado em uma caminhonete cinza. Os agentes teriam disparado contra o veículo da irmã de Aponte.

    O ex-presidenciável Henrique Capriles, governador do Estado de Miranda, afirmou que o Sebin recebeu ordem para prender os juízes recém-apontados e submetê-los à Justiça Militar.

    A Assembleia Nacional considerou que a prisão de Aponte viola a Constituição.

    A indicação dos juízes, não reconhecida pelo TSJ, foi um gesto da oposição para aumentar a pressão contra o governo de Nicolás Maduro após milhões de venezuelanos votarem em plebiscito informal no domingo (16) contra a Assembleia Constituinte convocada pelo líder chavista, cuja eleição se dará no próximo dia 30.

    A escolha dos juízes cabe, segundo a Constituição, à Assembleia Nacional, a partir de lista enviada pelo Conselho Moral Republicano. O Legislativo, porém, está em desacato desde janeiro de 2016 por empossar três deputados impugnados.

    Na sexta-feira (21), o TSJ havia ameaçado prender os juízes indicados pela oposição "a fim de manter a paz e a estabilidade". A corte também declarou que os parlamentares a decisão da Assembleia Nacional de apontá-los representa "não só o delito de usurpação de funções, mas o de traição à pátria".

    Usado pelas autoridades para julgar os manifestantes em tribunais militares, onde não há participação do Ministério Público, o delito de traição à pátria é passível de prisão imediata do suspeito.

    JORNALISTAS AGREDIDOS

    O sindicato de jornalistas da Venezuela afirmou que cinco repórteres foram agredidos durante uma manifestação em Caracas neste sábado (22) contra o governo de Nicolás Maduro. Um dos profissionais agredidos foi o fotojornalista Luis Díaz, do jornal "La Prensa de Lara", que teve sua câmera roubada e ficou com duas costelas fraturadas.

    A marcha foi convocada pela oposição para apoiar a indicação dos juízes para o TSJ e demonstrar rechaço à Assembleia Constituinte. A polícia reprimiu o protesto com gás lacrimogêneo e balas de borracha.

    Adversários de Maduro consideram que a Constituinte é uma tentativa do líder chavista de se manter no poder apesar de sua baixa popularidade. A escolha dos integrantes da Constituinte se dará de maneira colegiada, o que, para a oposição, representa uma violação do direito ao voto universal e direto.

    A Venezuela registra desde abril uma onda de saques e protestos contra o governo, a qual já deixou cem mortos.

    A oposição convocou uma greve geral de 48 horas, na quarta (26) e na quinta (27).

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