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    Forças Armadas dos EUA gastam mais com Viagra do que com transgêneros

    CHRISTOPHER INGRAHAM
    DO "WASHINGTON POST"

    26/07/2017 17h55

    O presidente Donald Trump usou o Twitter para anunciar, na manhã desta quarta-feira (26), que pessoas transgênero seriam proibidas de servir nas Forças Armadas dos Estados Unidos, mencionando os "custos médicos" como motivo primário da decisão.

    "Nossas Forças Armadas devem ter por foco vitórias decisivas e esmagadoras, e não podem se ver sobrecarregadas pelos tremendos custos médicos e desordem que a presença de pessoal transgênero acarretaria", escreveu o presidente.

    Embora Trump não tenha oferecido números para sustentar sua afirmação, um estudo solicitado pelo Departamento de Defesa no ano passado e executado pela Rand Corp. oferece estimativas abrangentes sobre os potenciais custos médicos da presença de pessoas transgênero nas Forças Armadas.

    Considerando a proporção de pessoas transgênero nas unidades ativas das Forças Armadas e o custo de saúde típico para tratamentos relacionados a mudança de sexo, o estudo da Rand estimava que estes custariam de US$ 2,4 milhões a US$ 8,4 milhões anuais.

    O estudo não incluía estimativas de custos de tratamento para militares da reserva, devido "à forte limitação de sua elegibilidade para cobertura de custos de saúde". O estudo tampouco incluía estimativas de custo quanto a militares reformados ou membros das famílias de militares, porque muitas dessas pessoas podem ter "elegibilidade limitada" para tratamento por instalações médicas militares.

    "A implicação é que, mesmo no mais extremo cenário que pudemos identificar... a expectativa seria de uma alta de de apenas 0,13% (US$ 8,4 milhões em um orçamento total de US$ 6,2 bilhões) nos custos de saúde das Forças Armadas", concluíram os autores do estudo da Rand.

    Em contraste, o gasto anual total das Forças Armadas com medicamentos para problemas de ereção atinge US$ 84 milhões, de acordo com uma análise da revista "Military Times" –o equivalente a 10 vezes mais que a estimativa de custo de tratamentos de transição para membros transgênero das forças armadas.

    As forças armadas gastam US$ 41,6 milhões ao ano só na compra do medicamento Viagra, de acordo com a "Military Times" –cerca de cinco vezes o custo máximo estimado para os tratamentos de saúde específicos das pessoas transgênero.

    Por um critério diferente de comparação, a estimativa mais alta para os custos médicos anuais com os militares transgênero equivaleria a menos de 10% do preço de um dos novos caças F-35. Ou a 0,001% do orçamento anual do Departamento de Defesa.

    Os custos dos tratamentos médicos específicos para militares transgênero, em outras palavras, são mínimos, e de forma alguma podem ser considerados "tremendos", como disse o presidente.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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