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    Governo Trump

    Aliados temem que Trump tente forçar demissão do secretário de Justiça

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    27/07/2017 02h00

    Pelo terceiro dia consecutivo, o presidente Donald Trump atacou publicamente o secretário de Justiça, Jeff Sessions, um de seus aliados mais próximos no início do governo, numa aparente tentativa de forçar sua renúncia.

    Nesta quarta (26), ele questionou por que Sessions não substituiu o diretor interino do FBI (polícia federal americana), Andrew McCabe, que, segundo Trump, "está à frente da investigação sobre [a ex-secretária de Estado Hillary] Clinton mas recebeu muitos dólares (US$ 700 mil) de Hillary Clinton para a campanha de sua mulher".

    Joshua Roberts/Reuters
    O secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions (à esq.), deixa a Casa Branca após reunião com Trump
    O secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions (à esq.), deixa a Casa Branca após reunião com Trump

    Nos dias anteriores, o presidente afirmou que Sessions tomou uma decisão "muito fraca" com relação às investigações sobre o uso indevido de e-mails por Hillary e disse que o secretário estava "encurralado". Em entrevista ao "New York Times" na semana anterior, ele dissera ter se arrependido da escolha para secretário de Justiça.

    Nesta quarta (26), a vice-porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, voltou a negar que Trump queira a saída de Sessions, mas disse que o presidente tem sido "muito claro" sobre sua posição em relação ao secretário de Justiça.

    "Você pode estar decepcionado com alguém mas ainda assim querer que ele continue fazendo o seu trabalho, e é este o ponto em que as coisas estão", disse Sanders.

    Trump já deixou claro que não aprovou a decisão de Sessions de se afastar das investigações do FBI sobre a possível interferência russa nas eleições e sobre elos de membros da campanha de Trump com Moscou.

    Com o afastamento de Sessions deste caso, o seu vice, Rod Rosenstein, ficou responsável final pela investigação e, em maio, indicou o ex-diretor do FBI Robert Mueller para supervisionar, de forma independente, a investigação —o que irritou o presidente.

    "HIPÓCRITA"

    O comportamento de Trump na última semana, no entanto, tem sido criticado até por quem sempre o apoia, como o site Breitbart News.

    Um artigo publicado nesta quarta (26) diz que o presidente está "colocando em risco a agenda de imigração", responsabilidade do secretário de Justiça, ao atacar Sessions. E o chama de "hipócrita" por criticar o secretário sendo que o próprio Trump desistiu de sua promessa de processar Hillary.

    Vários republicanos também saíram em defesa de Sessions, que foi senador pelo Alabama por 20 anos.

    "Eu demitiria alguém que eu acho que não faria um bom serviço ao invés de tentar humilhá-lo em público, o que é um sinal de fraqueza", disse o senador republicano Lindsey Graham, um crítico de Trump. "O presidente está tentando fazer com que Sessions renuncie. Eu espero que ele não renuncie."

    Para o colunista da Fox News Howard Kurtz, os ataques de Trump a Sessions, o primeiro senador republicano a apoiar sua candidatura, são "difíceis de serem decifrados", mas os assessores do presidente não estão sendo convincentes ao negar que Trump queira sua saída.

    Uma das hipóteses aventadas com mais frequência é a de que o presidente quer colocar alguém no lugar de Sessions que possa conter Robert Mueller ou mesmo demiti-lo.

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