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    Procura faz maconha sumir de farmácias do Uruguai

    DENISE MOTA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MONTEVIDÉU

    31/07/2017 02h00

    Andres Stapff - 19.jul.2017/Reuters
    Uruguaios fazem fila para comprar maconha no 1º dia da venda para fins recreativos em farmácias do país
    Uruguaios fazem fila para comprar maconha no 1º dia da venda para fins recreativos em farmácias do país

    Em quase dez dias de venda de maconha em farmácias no Uruguai, o número de interessados inscritos no país aumentou em mais de 75%: passou de 4.893 (em 19 de julho, início da atividade) para 8.585, registrados na última sexta-feira (28).

    Esse montante já supera o de autocultivadores (pessoas que têm autorização para plantar cannabis em casa): 6.946, segundo dados do Ircca (Instituto de Regulação e Controle da Cannabis), órgão governamental responsável pelo sistema.

    Após a entrega inicial, os estoques de maconha das farmácias de Montevidéu se esgotaram no mesmo dia, e um novo lote foi entregue após cinco dias. Novamente a demanda foi maior do que a oferta, e uma terceira leva foi planejada pelo governo três dias mais tarde.

    Na manhã da última quinta-feira (27) estava prevista a chegada de novos lotes.

    Mas na farmácia Antártida, que fica a apenas dois quarteirões e meio da Prefeitura de Montevidéu, no centro da capital ""uma das quatro que aderiram ao sistema–, reinava o vazio: só havia as três funcionárias do local, que aproveitavam a calma para limpar vidraças e arrumar as bijuterias expostas em uma das prateleiras.

    "Estamos esperando", limitaram-se a comentar. "De cada 10 ligações que recebemos, 9 são para saber se já temos maconha de novo", contou à Folha a funcionária de outra farmácia da capital, que não quis se identificar.

    Até o final da tarde da última sexta (29), a reposição ainda não havia sido feita.

    A frequência irregular de distribuição deve permanecer até que o instituto termine as primeiras avaliações do processo, no que vem chamando de "curva de aprendizagem", e introduza no mercado outras quatro variedades com THC (componente psicoativo da maconha) mais alto, de até 4%, e um maior número de estabelecimentos associados.

    PROCESSO

    Em Montevidéu, há cerca de 380 farmácias, segundo o Centro de Farmácias do Uruguai. Desse total, apenas quatro aderiram ao plano do governo. Os estabelecimentos vendem duas variedades de flores de maconha em estado natural, embaladas em pacotes de 5 gramas (leia mais no quadro ao lado).

    Atualmente duas empresas cultivam a planta no país e têm capacidade de produzir quatro toneladas anuais para consumo interno.

    A iniciativa é a terceira e última etapa da política de estatização da produção, venda e distribuição de maconha, iniciada com o ex-presidente José Mujica, em 2013.

    A primeira fase começou com a liberação do autocultivo. Depois, veio a regularização dos clubes de cannabis, onde até 45 pessoas podem se reunir para cultivar e compartilhar a droga. Estima-se que 160 mil uruguaios consumam maconha.

    Editoria de Arte/Folhapress

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