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    Governo Trump

    Novo chefe de gabinete de Trump assume em meio a caos na Casa Branca

    DA ASSOCIATED PRESS, EM WASHINGTON

    31/07/2017 11h26 - Atualizado às 13h40

    O novo chefe da Casa Civil do presidente Donald Trump está assumindo seu posto em uma Casa Branca abalada por numerosas crises.

    O general reformado John Kelly, até recentemente secretário da Segurança Interna, assume nesta segunda-feira (31) o posto do qual Reince Priebus foi demitido.

    Trump espera que Kelly consiga impor ordem, em estilo militar, a um governo que sofre sob o peso de uma agenda legislativa frustrada, brigas entre facções de assessores na Casa Branca e uma pilha de investigações.

    Mas o sucesso de Kelly em uma Casa Branca caótica dependerá da autoridade que lhe será conferida e de os assessores presidenciais rivais abandonarem suas disputas para trabalhar juntos. E tampouco é possível determinar se um novo chefe da Casa Civil terá influência sobre o comportamento histriônico do presidente nas mídias sociais.

    Brendan Smialowski - 31.jan.2017/AFP
    O secretário de Segurança Nacional, John Kelly, chega para reunião na Casa Branca
    O general reformado John Kelly, que assume nesta segunda o cargo de chefe da Casa Civil

    Cory Lewandowski, que foi demitido de seu posto como diretor da campanha presidencial de Trump em junho de 2016, disse no programa "Meet the Press", da rede de TVC NBC, que sua expectativa era de que Kelly "restaurasse a ordem na equipe", mas enfatizou também que é improvável que Trump mude seu estilo.

    "Na minha opinião, é preciso deixar que Trump seja Trump. Foi isso que fez o sucesso dele nos últimos 30 anos. E é nisso que o povo norte-americano votou", disse Lewandowski. "Qualquer pessoa que acredite que vai conseguir com que Donald Trump mude não conhece Donald Trump".

    A posse de Kelly se segue a uma semana tumultuada, marcada por uma entrevista agressiva do novo diretor de comunicações da Casa Branca, por ataques continuados de Trump ao seu secretário da Justiça, e pelo fracasso dos republicanos do Senado em um esforço por reformar o sistema de saúde dos Estados Unidos.

    Além do desgaste na ala oeste da Casa Branca e junto ao Congresso, Kelly assume o posto em um momento de escalada na tensão com a Coreia do Norte.

    Os Estados Unidos enviaram dois bombardeiros supersônicos em um voo sobre a península coreana, neste domingo (30), em uma demonstração de força contra a Coreia do Norte, depois do mais recente teste de um míssil balístico intercontinental por Pyongyang. Os Estados Unidos também anunciaram a realização bem sucedida de um teste de um sistema de defesa contra mísseis localizado no Alasca.

    A senadora Dianne Feinstein, democrata da Califórnia, disse no programa "Face the Nation", da rede de TV CBS, que espera que Kelly seja "efetivo" e "inicie negociações sérias com a Coreia do Norte para deter o programa [armamentista]".

    Outra fissura diplomática surgiu no domingo, quando o presidente russo Vladimir Putin anunciou que os Estados Unidos teriam de reduzir em centenas de pessoas as equipes de sua embaixada e consulados na Rússia, como resultado de novas sanções impostas por Moscou.

    Em entrevista na televisão, Putin indicou que os cortes eram uma retaliação por um novo projeto de lei de sanções contra a Rússia aprovado pelo Congresso e enviado ao presidente Trump para assinatura.

    Trump planeja assinar a lei, anunciou a Casa Branca. Depois da declaração de Putin, o Departamento de Estado norte-americano definiu a redução de quadros diplomáticos imposta pelos russos como "ato lamentável e injustificado", e anunciou que seus dirigentes avaliariam o impacto da medida e como reagir a ela.

    Enquanto Trump tenta reformar sua equipe, ele sinalizou que não pretende abandonar a luta quanto ao sistema de saúde. Neste domingo, ele escreveu no Twitter: "Não desistam, senadores republicanos. O mundo está assistindo. Revoguem e substituam".

    A prolongada disputa quanto ao sistema de saúde desacelerou os demais objetivos políticos de Trump, entre os quais uma reforma tributária e projetos de investimento em infraestrutura.

    Mas assessores de Trump deixaram claro que o presidente continuava determinado a ver avanços na questão da saúde. Mick Mulvaney, diretor de orçamento da Casa Branca, disse no programa "State of the Nation", da rede de notícias CNN, que os senadores "precisam insistir, precisam trabalhar, precisam aprovar alguma coisa".

    Perguntado se todas as demais votações do Congresso deveriam ser adiadas até que o Senado vote outra vez sobre a reforma da saúde, Mulvaney respondeu: "É só pensar: claro que sim. E creio que o que estamos vendo, nesse caso, é o presidente refletindo o sentimento que existe na população".

    No sábado (29), Trump ameaçou suspender os pagamentos de subsídios a operadoras de planos de saúde a não ser que os legisladores revoguem e substituam a lei de saúde da era Obama.

    Ele escreveu no Twitter que "se uma nova lei de saúde não for aprovada rapidamente, os RESGATES às operadoras de planos de saúde e os RESGATES para congressistas vão parar, e logo!"

    Os subsídios reduzem as mensalidades e os valores de franquia dos planos de saúde de consumidores de baixa renda. Trump garantiu manter o pagamentos até o final de julho, mas não os confirmou para depois desse prazo.

    Kellyanne Conway, assessora da Casa Branca, declarou no programa "Fox News Sunday" que Trump decidiria quanto aos pagamentos esta semana.

    A senadora Susan Collins, republicana do Maine, que se opôs aos esforços para aprovar a reforma da saúde esta semana, disse na CNN que cortar os pagamentos "prejudicaria alguns de nossos cidadãos mais vulneráveis" e que a ameaça de corte "contribuiu para a instabilidade nos mercados de planos de saúde".

    A Câmara dos Deputados iniciou um recesso de cinco semanas, e o Senado ainda deve trabalhar por duas semanas antes de iniciar seu recesso de verão.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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