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    Maduro pede auditoria da eleição da Constituinte após denúncia de fraude

    DE SÃO PAULO

    02/08/2017 23h39

    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta quarta-feira (2) ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) uma auditoria dos votos da eleição da Assembleia Constituinte, após o órgão ser acusado de fraudar os resultados.

    A empresa Smartmatic, responsável pelo sistema eletrônico da votação, afirma que foram inflados "em pelo menos 1 milhão" os números de votantes no processo eleitoral —o CNE anunciou que 8.089.320 pessoas participaram.

    Presidencia de Venezuela/Xinhua
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, saúda um dos indígenas eleitos para a Constituinte
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, saúda um dos indígenas eleitos para a Constituinte

    Em discurso no canal estatal VTV, o mandatário disse ter solicitado ao coordenador do Executivo para o processo eleitoral, Jorge Rodríguez, que transmita suas orientações à presidente do CNE, Tibisay Lucena.

    Ele chamou de "estúpido" o executivo-chefe da Smartmatic, Antonio Mugica, que fez a denúncia nesta quarta-feira, e atribuiu a suspeita no pleito a "um inimigo internacional", em menção indireta aos Estados Unidos.

    "A pressão foi feita por um cara que tem uma empresa em Londres e suas contas nos EUA para tentar manchar o processo eleitoral dizendo que só haviam votado 7,5 milhões de venezuelanos", afirmou.

    "Ninguém mancha esse processo eleitoral porque é transparente, auditado antes, durante e depois e eu pedi a Jorge Rodríguez, e assim foi feito, que exija ao CNE que termine a auditoria posterior e informe o resultado ao país."

    A decisão é tomada horas depois de Lucena ter declarado que a denúncia da Smartmatic era "irresponsável e sem fundamento" e Rodríguez chamar os resultados de "impecáveis e completamente auditáveis".

    Na noite desta quarta, a procuradora-geral da Venezuela, a chavista dissidente Luisa Ortega Díaz, anunciou que vai abrir investigação sobre a suposta fraude, atendendo a pedido do Legislativo, dominada pela oposição.

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    CONSTITUINTE VENEZUELANA
    Votação convocada por Maduro é questionada pela comunidade internacional

    Manobras do governo
    - Dividiu as cadeiras da Constituinte por voto territorial e setorial
    - No voto territorial, cidades menores (mais chavistas) tiveram mais peso que as grandes cidades
    - No voto setorial, a divisão por associações de classe foi definida pelo chavismo

    Indícios de fraude
    - Empresa responsável pela votação afirma que resultado foi manipulado
    - Segundo a companhia, o governo inflou os números em pelo menos 1 milhão
    - O CNE não havia detalhado o resultado, como o número de votos nulos
    - Tampouco foi divulgado o número de votos de cada membro eleito da Constituinte

    A presença dos venezuelanos nas urnas -

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    POSSE

    Na transmissão, o presidente também adiou para sexta (4) a posse dos 545 membros da Assembleia Constituinte, prevista inicialmente para esta quinta (3), para "dar maior organização para o dia de sua instalação".

    Ele anunciou a nomeação de constituintes para negociar com a coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD), que controla a atual Assembleia Nacional, para que desocupem "em paz" o Palácio Legislativo, em Caracas.

    Seus rivais haviam anunciado uma resistência pacífica no dia da posse dos constituintes por considerarem ter direito a ocupar o palácio por terem sido escolhidos no voto popular e não reconhecerem a troca da Constituição.

    Em uma rede social, a MUD reiterou a promessa, citando como embasamento a votação que tiveram no plebiscito não oficial em que milhões rejeitaram a Constituinte e defenderam a legitimidade do Parlamento vigente.

    "O povo escolheu uma Assembleia Nacional que os representara e em 16 de julho exigiu respeito a sua decisão, à democracia e à Constituição. No parlamento NÃO ENTRA A FRAUDE CONSTITUINTE."

    A coalizão manteve as manifestações desta quinta para defender a Assembleia Nacional e anunciou para sexta (4) outras mobilizações em apoio aos prefeitos da oposição que tiveram suas prisões decretadas pela Justiça.

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