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    Coreia do Norte deve parar ações que podem levar ao seu fim, diz Pentágono

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    09/08/2017 15h03 - Atualizado às 09h35

    KCNA - 15.mai.17/Reuters
    O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, sorri após teste com míssil balístico em maio deste ano
    O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, sorri após teste com míssil balístico em maio deste ano

    Um dia após o presidente Donald Trump prometer responder com "fogo e fúria" à ameaça da Coreia do Norte, o secretário de Defesa americano, James Mattis, disse, nesta quarta (9), que o ditador Kim Jong-un deveria desistir de qualquer ação "que possa levar ao fim do seu regime e à destruição do seu povo".

    Pouco depois, a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, afirmou que as ações do país asiático, que tem testado mísseis teoricamente capazes de atingir os EUA e que já teria capacidade de colocar neles bombas nucleares, são "alarmantes". "São ações provocativas por parte da Coreia do Norte."

    Na noite de quarta (manhã de quinta em Pyongyang), o regime de Kim Jong-un afirmou que vai desenvolver um plano, até o meio deste mês, para lançar quatro mísseis sobre o território americano de Guam, no oceano Pacífico.

    "Os mísseis Hwasong-12 a serem lançados pelo KPA [Exército norte-coreano] vão cruzar o céu sobre as prefeituras japonesas de Shimane, Hiroshima e Koichi. Voarão por 3.356,7 km em 17 minutos e 45 segundos e atingirão as águas entre 30 km e 40 km de Guam", diz o comunicado assinado pelo general Kim Rak Gyom, comandante das forças estratégicas do KPA.

    Desde que Trump ameaçou responder com um poder "jamais visto", a Coreia do Norte já mencionou duas vezes a intenção de atacar Guam.

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    'DURMAM TRANQUILOS'

    Nesta quarta, funcionários do governo disseram a jornais americanos que a frase do presidente na véspera fora improvisada, e que seus assessores mais próximos também foram surpreendidos pela promessa de "fogo e fúria".

    Horas depois, o secretário de Estado, Rex Tillerson, deu, em Guam, declarações que pareceram tentar amenizar a retórica de Trump, afirmando não crer em "ameaça iminente" e que os americanos podem "dormir tranquilos".

    "O que o presidente está fazendo é enviar uma mensagem firme à Coreia do Norte na linguagem que Kim Jong-un entende, porque ele não parece compreender a linguagem diplomática", disse.

    A porta-voz do Departamento de Estado negou, à tarde, que o presidente e o secretário discordassem.

    "A Casa Branca, o Departamento de Estado ou o Departamento de Defesa estão falando a mesma língua. O mundo está falando a mesma língua", disse Nauert, acrescentando que Tillerson considera Trump eloquente. "As pessoas o escutam."

    Enquanto Tillerson baixava o tom, porém, Mattis, o secretário de Defesa, amplificava a ameaça presidencial: "A Coreia deve parar de considerar qualquer ação que possa levar ao fim de seu regime e à destruição de seu povo".

    Segundo ele, as ações de Pyongyang continuarão a ser "extremamente incompatíveis" com as dos EUA. "O regime [norte-coreano] perderá qualquer corrida armamentista ou conflito que inicie", disse, em comunicado.

    Segundo Mattis, o Departamento de Estado dos EUA se esforça para solucionar a crise de forma diplomática. Ele ressaltou, entretanto, que os EUA e seus aliados possuem capacidades defensivas e ofensivas mais "precisas, ensaiadas e robustas na Terra".

    Para Lisa Collins, especialista do Programa de Coreias do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), a escalada retórica do governo Trump não ajuda na resolução do conflito. "Na verdade, ela serve aos interesses dos norte-coreanos mais do que aos dos EUA e da comunidade internacional. Kim usa a ameaça militar dos EUA como uma desculpa para reprimir seu próprio povo e manter o poder dentro do país", disse Collins à Folha.

    A especialista afirma que a ameaça só levará a uma redução das tensões se isso forçar a China a colocar mais pressão na Coreia do Norte.

    "Mas a possibilidade [de ataque nuclear] é muito baixa", opina. "A Coreia do Norte sabe que haverá uma resposta dura e imediata dos EUA à qualquer ação que ameace os seus interesses ou de seus aliados na região."

    Guerra de palavras

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