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    Não há vestígio de democracia na Venezuela, afirma chefe da OEA

    DANIELA KRESCH
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE JERUSALÉM

    11/08/2017 02h43

    Jorge Novomisnky/Gabinete de Imprensa do Governo de Israel/Divulgação
    O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, com o presidente de Israel, Reuven Rivlin, em Jerusalém
    O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, com o presidente de Israel, Reuven Rivlin, em Jerusalém

    Ao fim de uma visita oficial de três dias a Israel, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, afirmou que, até novembro, a organização apresentará ao Tribunal Penal Internacional (TPI) provas do envolvimento do regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, em crimes contra a humanidade.

    Em entrevista à Folha, em Jerusalém, Almagro disse que ex-promotor da TPI Luis Moreno Ocampo, recentemente designado por ele como Assessor Especial da OEA para crimes contra a Humanidade, está recolhendo e catalogando informações para apresentar ao tribunal.

    A OEA não pode entrar com ação no TPI, mas pode enviar dados para embasar processos que seus países-membros instaurem.

    *

    Folha - A Venezuela ainda é uma democracia?

    Luis Almagro - Não. Quando um país é governado com base numa enorme fraude eleitoral, tem uma Assembleia Constituinte que arrebata praticamente todos os poderes do Estado, quando temos presos políticos, quando há políticos inabilitados, quando se suprimiu a independência dos poderes do Estado, quando nem Conselho Nacional Eleitoral e nem Tribunal Supremo de Justiça são poderes independentes e foram tirados todos os poderes da Assembleia Nacional, quando as pessoas saem para se manifestar e chegamos a 130 pessoas assassinadas durante manifestações, não há, nesse país, nenhum vestígio de democracia.

    A OEA busca alguma condenação do regime venezuelano em uma corte internacional?

    Temos evidências suficientes de que houve e ainda há crimes contra a humanidade na Venezuela. A tortura é um dos crimes contra a humanidade mais claros na Venezuela. E é realizada de maneira sistemática por parte do regime. O assassinato de 130 manifestantes é uma variável na dinâmica de assassinatos políticos. Acho que, no fim de outubro ou princípio de novembro, já poderíamos apresentar documentação ao TPI.

    O que mais a OEA pode fazer?

    A OEA tem que continuar a fazer o que vem fazendo. Denunciamos com muita força todos os atos contrários às instituições do país. O máximo que organizações internacionais podem fazer é adotar sanções. Mas ditaduras não caem empurradas por fora, caem empurradas de dentro.

    Falta pressão interna na Venezuela?

    Faltam elementos de pressão que signifiquem um desafio ao poder do regime.

    O que o Brasil pode fazer para ajudar o povo venezuelano?

    O Brasil fez esforços especiais para apoiar a democratização da Venezuela. Tem sido um dos países mais fortes e duros ao condenar o regime bolivariano. Moveu instâncias internacionais, não só a OEA como no próprio Mercosul, e ofereceu ajuda humanitária, que não pôde chegar inteiramente por causa de impedimentos impostos pelo regime.

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