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    Apesar de ser possível alvo norte-coreano, Guam mantém sua rotina

    DO "NEW YORK TIMES"

    11/08/2017 02h28

    Trata-se de um pequeno pedaço dos EUA, por acaso localizado no meio do oceano Pacífico —e dentro do alcance dos mísseis balísticos da Coreia do Norte.

    É por isso que a ilha de Guam conquistou atenção, depois de Pyongyang ameaçar um ataque que viria este mês e a "envolveria em chamas", segundo o regime.

    Erik De Castro/Reuters
    Turista visita praia de Tumon, na ilha de Guam, no Pacífico; território é ameaçado por Pyongyang
    Turista visita praia de Tumon, na ilha de Guam, no Pacífico; território é ameaçado por Pyongyang

    Mas na ilha, que abriga uma base aérea estratégica dos EUA, a vida continua normal. Os restaurantes locais estão lotados, e os espectadores mal olham para os televisores que relatam as mais recentes ameaças.

    Os moradores do minúsculo território —que tem menos de 20 quilômetros de largura em seu ponto mais largo e oferece uma sucessão de lindas praias— se veem uma vez mais apanhados em uma guerra de palavras, com rajadas de retórica hostil disparadas tanto por Pyongyang como por Washington.

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    Onde fica Guam

    Onde fica Guam

    Área: 544 km2
    Distância de Pyongyang: 3.400 km
    Habitantes: 162 mil pessoas
    Guam abriga importantes bases americanas, onde trabalham cerca de 3.800 militares

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    "Todo mundo comenta sobre isso, mas continua com sua rotina", disse Josie Sokala, que mora na aldeia de Mangilao, a leste de Guam.

    Como os demais moradores de Guam, Sokala tem recebido inúmeras mensagens de texto de amigos no "continente" —a expressão dos ilhéus para designar o território continental dos EUA—, perguntando se está bem.

    "Todo mundo está nervoso, mas creio que nossas famílias lá nos EUA é que se preocupam mais conosco", afirmou Sokala.

    Na quarta (9), as autoridades de Guam se apressaram a divulgar comunicados pedindo calma, ainda que um dia antes o presidente Donald Trump tivesse prometido "fogo e fúria" contra Pyongyang.

    A Igreja é uma força bastante influente na ilha, amplamente católica, e a arquidiocese de Agana —capital de Guam, também conhecida como Hagatna— aconselhou os moradores a "buscar Deus nesses momentos difíceis em que a paz do mundo está ameaçada".

    O governador de Guam, Eddie Baza Calvo, disse que não houve mudança no nível de ameaça à ilha, a despeito das palavras ásperas. Guam, além de ser uma base estratégica, também é destino turístico, e junho registrou um recorde de visitantes.

    "A retórica vem sendo forte", disse Calvo na quarta-feira (9). "É importante transmitir ao povo de Guam a mensagem de que agora não é hora de pânico."

    A vida em Guam está profundamente ligada às bases militares dos EUA e aos membros de suas forças armadas estacionados na ilha.

    A base Andersen, pertencente à Força Aérea, e a base naval de Guam abrigam efetivos estimados em 13 mil militares e dependentes. Um terço do território da ilha é propriedade das Forças Armadas norte-americanas.

    HISTÓRIA

    Guam é território dos EUA desde 1898, quando a Espanha cedeu a ilha a Washington depois da Guerra Hispano-Americana. A população da ilha é de 163 mil pessoas.

    A ilha já havia sido foco de ameaças norte-coreanas no passado, já que serve como base a bombardeiros nucleares capazes de atingir o território do isolado país.

    Guam fica cerca de 3.400 quilômetros a sudoeste de Pyongyang e a 6.100 quilômetros a oeste de Honolulu, capital do Havaí. Mas está imersa na cultura norte-americana da mesma maneira que qualquer cidade comparável no "continente" —mesmo que os clientes que vão ao supermercado Kmart local (a maior unidade de toda a rede) vejam o panorama de uma ilha do Pacífico quando olham pela janela.

    A maioria dos habitantes pertence à etnia chamorro —um grupo indígena que vive na ilha há milhares de anos—, e a cultura dessa etnia é o referencial para o modo de vida dos ilhéus.

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