• Mundo

    Thursday, 02-May-2024 21:26:35 -03

    Farmácia uruguaia tem conta em banco cancelada por vender maconha

    SYLVIA COLOMBO
    DE BUENOS AIRES

    12/08/2017 02h00

    Uma farmácia uruguaia anunciou nesta semana que não venderia mais maconha, ainda que de acordo com a legislação local —aprovada no fim de 2013 e que terminou de ser regulamentada em julho. Isso porque o estabelecimento teve sua conta no banco Santander cancelada.

    Esteban Riveira, dono da farmácia Pitágoras, do bairro de Malvín, em Montevidéu, afirmou que a suspensão da venda se trata de "uma medida preventiva, até que o governo regularize a situação das farmácias que vendem maconha com o mercado bancário internacional". E disse estar frustrado, porque se diz um defensor da legalização do produto.

    As sucursais dos bancos estrangeiros no Uruguai, porém, ainda não se posicionaram formalmente sobre o assunto e afirmam estar consultando suas matrizes para saber se estariam violando leis internacionais no caso de terem entre seus clientes estabelecimentos que comercializem produtos ilícitos.

    Apesar de regulamentada no Uruguai, a venda da droga ainda é configurada como uma atividade restrita nos outros países por se tratar de um produto ilícito. Outros países da região, como a Argentina, a Colômbia e o Chile, também vêm consultando bancos estrangeiros, uma vez que legalizaram recentemente a venda da maconha medicinal.

    Desde que aprovada, em dezembro de 2013, a Lei da Maconha gerou polêmica com relação a esse quesito. Mesmo com a venda legalizada e regulamentada no país, o Banco Central do Uruguai havia alertado o governo do então presidente José "Pepe" Mujica a respeito do risco de que algumas entidades bancárias pudessem não estar de acordo e se negarem a ter as farmácias como clientes.

    O assessor legal do Centro de Farmácias do Uruguai, Pablo Durán, afirmou que, caso esse movimento se amplie e outras farmácias venham a ter suas contas canceladas, a tendência será a de migrar suas contas para o Banco República, que é uruguaio e obedece apenas à legislação local.

    Outra alternativa, já utilizada nos EUA e aventada pelo governo uruguaio na época do debate parlamentar sobre a lei, é fazer uso das "bitcoins" (moeda virtual) para viabilizar a comercialização.

    Ainda assim, Durán chamou a atenção para o fato de ser ainda um fato isolado. "Por enquanto houve apenas este caso. Outros bancos advertiram seus clientes e avisaram que estão fazendo consultas, mas não cancelaram as contas."

    AUMENTO DA DEMANDA

    Enquanto isso, vem crescendo o interesse de farmácias em aderir à lei, devido à alta demanda dos consumidores nas primeiras semanas de implementação.

    Segundo Durán, já há 20 novas farmácias na lista de espera para obter a permissão para vender maconha.

    O governo analisa as propostas e tem demorado em responder porque a busca tem sido mais alta do que o esperado.

    O número de usuários registrados também deu um salto, dos 6.700 iniciais para 11.508, o que vem causando longas filas nas farmácias autorizadas e falta de estoque em várias delas.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024